terça-feira, 24 de julho de 2018

DIÁRIO DE BORDO - BRASÍLIA 19 A 22 DE JULHO - PALCO GIRATÓRIO 2018

 


Diário de Bordo Brasília - de 19 até 22/07/2018

Edmar Leite

Taguatinga...Dia 1... Pensativo. Partida tranquila. Chegada de boas. Buenas Carol! Muitas asas, muitas e muitas luzes, árvores, pontes, túneis, viadutos, entradas e saídas. Chegando e logo indo prestigiar um espetáculo local depois de um bom lanche uma das melhores pizzas que já comi na vida (sabor único e simples, o lugar existe desde 1960 e já trouxe o sustento de quatro famílias), um mini tour pela city, teatro e depois descanso. Similetudo, ambientação envolvente, luz sensível e exata. Início impactante, desenvolvimento crescente, forte, integração tomando o lugar da exclusão, conexão, minimalismos, exatidão, unidade. Dificuldades e diferenças dependem apenas de nós mesmos. Foi lindo. Bela recepção, bom pé direito em BSB. Um vislumbre do Palácio no horizonte.. Agora partiu Taguatinga. Difícil não lembrar do tal João de Santo Cristo. Descanso.
Dia 2... Dia começou mais frio. Pensativo pra variar. Reconhecendo os arredores. Almoço e partiu montagem. Buenas, João do Som e Leo da Luz. Montagem ocorreu tudo bem. Nova PAR reconhecida, source. Aguardando o momento. Teatro aconchegante, boca de cena larga. Espetáculo aconteceu. Fluiu. Nós desatados. Evolução. Reencontro com Zé Regino! Família do Chicão marcando presença.  Arrumação e embalamentos.  Jantar com as brodinhas. Hits. Reconhecendo terreno. Cidade de muitas ruas, largas e iluminadas, simulação do dia. Organizado até demais.. Dureza. Aspereza. Carros são priorizados? Volta e descanso.
Dia 3... Friozinho bom de novo. Pensativo (novidade). Manhã boa para reflexão. Agora sim um grande tour por BSB. Oficina à tarde. Turma boa. Troca. Experiências. Reencontro com a Maíra. Aprendizado bom. Despedida da Cidade. Passeio e jantar com as brodinhas. Poeira. Cidade de estruturas exageradas. Passagem rápida porém intensa.
Dia 4... Volta pra casa. Até breve Brasília!

Agrael de Jesus
Brasília/Taguatinga.  Partida de Porto Velho na tarde do dia 19/07, sol escaldante, expectativa é porque não dizer um pouco de ansiedade. Chegada à Brasília, clima ameno, recepção calorosa e amigável da Carol. Trajeto com destino ao hotel em Taguatinga, modificado indo diretamente tomar um lanche (jantar) e em seguida ao Teatro Garagem, assistir a uma apresentação de dança onde se inclui também pessoas com necessidades especiais de vários graus. Integração, desenvolvimento e conexão total. Show de espetáculo. Foi emocionante. Fiquei impactada, extasiada. Finalmente no hotel para o descanso merecido, sem antes dar uma organizada no material do TCC e uma passadinha no texto. Noite fria. Manhã de sexta feira, acordar cedo, café da manhã para reanimar, voltar ao quarto, concentração. Almoço nos arredores do hotel. As 17 hs ir para o tratro: Teatro Paulo Autran, espaço lindo, aconchegante. Organizar o material de cena, por o figurino, aquecer corpo e voz. Espetáculo fluiu bem , bom e interessantes. Presença de alguns amigos comuns, amigas da Zaine e da família do Chicão. Sem contar a presença do nosso amigo irmão Zé Regino. Bate papo proveitoso. Após arrumação e embalagem do cenário, uma passagem rápida no hotel e sair para procurar algum lugar onde se possa comer. Em Taguatinga, na região do hotel que ficamos, os restaurantes e lanchonetes fecham à meia noite. Incrível,
Manhã de sábado livre, pequeno tour,  preparação para a oficina que será das 14 às 20hs. Bom público, interessados e antenados. Final de oficina a visita da nossa querida amiga Maíra, atriz competente, pessoa encantadora. De volta ao hotel, correr para comer alguma coisa na redondeza, retornar ao hotel, fazer as malas. Viagem de volta tranquila. Chegando em Porto Velho, avião taxiando, recebo a ligação do meu filho dizendo que não poderia me pegar no aeroporto, pois acabara de sofrer uma tentativa de assalto, os bandidos não obtendo êxito fugiram em uma motocicleta, atiraram para traz e um projétil acertou o carro, perfurando o radiador. Grande susto. Manter a calma aparentemente. Ele estava bem, não tinha se machucado, ferido. Ato continuo conseguir carro para transportar o cenário até o Tapiri, tendo a grande ajuda do amigo e companheiro Ismael. Cenário guardado, pegar carona com minha amiga Fabiana para me levar em casa e certificar que meu filho estava bem. Agora tentar relaxar. O susto foi grande. Deus no comando sempre. E que venha o próximo circuito.

Zaine Diniz
O que tem Brasília de tempo seco, tem de gente doce e acolhedora!  Nossa passagem por Taguatinga foi como um bálsamo para o corpo e alma. Logo de chegada fomos direto assistir a cena local no lindo e aconchegante teatro Garagem SIMILITUDO  me fez reforçar minhas crenças sobre a inclusão de pessoas com deficiência, e de quanto a arte é importante para todos nós: com ou sem deficiência! Na sexta, nossa apresentação. Na plateia: público espontâneo, artistas, parentes e amigos queridos. A arte continua nos surpreendendo com tantos encontros valiosos.  Seguindo nossa jornada, no sábado fui almoçar com amigas conterrâneas, as lembranças de uma época tão importante da minha vida me deixou com saudades da minha terra natal Mato Grosso do Sul. Na oficina de 6 horas corridas, o encontro para trocas aconteceu de forma plena e revigorante, onde pudemos compartilhar memórias, histórias e conhecimentos. No grupo, Lúcio nos ensinou que ter um síndrome de Down junto ao grupo , agrega e soma para o nosso exercício de SER HUMANO  de ser especial. Domingo, dia de retornar. Não sou a mesma que chegou nessa terra tão especial .  Gratidão DF.

Flávia Diniz
19/07... Tenho a sensação de que o aeroporto de Brasília é minha segunda casa. Pra ir à esquina, temos que fazer conexão em Brasília. Viagem tranquila. Ansiosa para chegar em Brasília. Na nossa primeira parada, conheci uma pizza maravilhosa. Tinha muita massa. A massa era massa! Na segunda parada, assisti um espetáculo muito lindo, poético. Do caminho do teatro para Taguatinga, estava pensativa. Frio. Cansaço. Ansiosa para o dia seguinte.
20/07... Manhã fria. Da janela do hotel só via carros. Poucas pessoas nas ruas. Ruas largas. Prosear com a amiga de quarto, sempre me deixa pensativa. Isso é bom. Caminhei um pouco perto do hotel, observando as pessoas, os comércios. De volta para o hotel, descansar. Ansiosa para a apresentação. Chegando ao teatro, já estava sentindo um friozinho na barriga. Adorei a apresentação. Bate papo maravilhoso. Reencontrei o amigo Zé Regino. Aquele abraço apertado. Matamos a saudade. Conheci a família do Chicão. Pessoas maravilhosas.
21/07... Conhecendo um pouco Brasília. Uma Tour com o guia Daniel. Só via carros, blocos. A cidade parece que foi planejada para afastar as pessoas. Durante a oficina, conheci pessoas simpáticas, que estavam abertas para o jogo. Cada um com sua potência. Reencontrei Maíra, pessoa maravilhosa. Matamos a saudade! A noite estava fria. De Taguatinga à Brasília, vi um pouco a arquitetura da cidade. Cidade composta por ruas largas, muitos carros, motos e blocos/prédios.
22/07... Voltando para casa. Já sinto saudade dessa cidade. A experiência foi boa. Adorei apresentar no teatro de Taguatinga. Manhã fria. Muito pensativa. De volta a minha segunda casa, aeroporto de Brasília. Viagem tranquila. Chegando em Porto Velho, já pude sentir aquele climão, calorzão, solzão.

Amanara Brandão
Eita, Distrito Federal... finalmente minha estada por aqui foi mais que algumas horas dentro do aeroporto esperando por conexões de vôos. Na quinta-feira foi muito inspirador ser recebida pela Carol (sorriso e olhar cheio de luz, que nos recebeu com tanto carinho) e assistir ao espetáculo Similitudo, no Teatro Sesc Garagem, trazendo pra cena a questão da inclusão e povoando minha cabeça com questões como  "o que é ser especial e o que é ser normal?" "Existe um padrão de normalidade que seja confiável?" etc. Por fim, uma breve viagem a Taguatinga, onde ficamos hospedados nesses dias de capital federal.
Sexta-feira, dia de apresentação, e eu acordei me sentindo tão saudável e cheia de vitalidade, e fiquei nessa energia pelo dia todo, em concentração no hotel até 17h, quando fomos para o Teatro Sesc Paulo Autran, onde Chicão e Edmar já estavam desde as 14h, montando luz e cenário. A apresentação foi muito enérgica, na plateia tínhamos gente demonstrando muito interesse para com o trabalho e também amigos que vieram nos prestigiar, fiquei muito feliz em reencontrar meu amigo Milton (amizade fruto de nossa busca em comum pela permacultura) e o grande Zé Regino, referência no Teatro nacional.
Sexta e sábado em Brasília também estava acontecendo o Festival LGBT+ Bocadim, trazendo a visibilidade e resistência através da música, onde pude prestigiar artistas que fazem parte da comunidade lgbt colocando a voz, talento e força em cena, nos fortalecendo nesses tempos em que o preconceito se faz tão latente querendo nos fazer apenas mais uma vítima fatal, mais uma estatística.
Sábado foi dia de uma volta pela capital federal, perceber toda essa arquitetura feita não sei pra quem (tudo tão grande, acho que é um projeto alienígena para população gigante ou sei lá o que) mas a paisagem natural é tão linda (e a Maíra me contou que em BSB os prédios têm um limite de altura, que é pra não tampar a vista do horizonte), fiquei a fim de voltar outra hora, pra conhecer mais das belezas naturais. Sábado  teve nossa oficina, 6 horas seguidas de troca com uma turma diversa, rica de material humano, onde sempre saímos transformados... É aqui onde tudo isso, toda loucura e canseira, vale a pena pra mim: o encontro.

Chicão Santos
19/07 – Um dia todo de preparativos para sair de Porto Velho. Corre, corre – junta médica do Estado/processos formalizados/limpeza do Tapiri no pós obra/desliga isso/desliga aquilo/prepara material/limpa o quintal/enfim tudo resolvido. E lá vamos nos pós almoço para o aeroporto. Já exausto nas primeiras horas de um dia que só começou... Tudo na aeronave e partiu DF. Um voo/repouso e já tocando o solo/capital federal. No receptivo a encantadora Carol (artista multi work). Tudo na van do nosso motora/anjo Daniel e logo no caminho uma parada para uma refeição/lance/caldo/pizza e ali mesmo define-se uma programação especial pra noite que se celebra na Brasília de Juscelino. Um momento histórico do ato de revisitar o passado pelo Teatro Garagem do Sesc/Brasília/DF. Um lugar de memórias, histórias da cena/cênica da cidade, 40 anos de história/encantos e movimentos. As pessoas mudam o mudando essa máxima encaixou  perfeitamente na recepção de TARZAN e TONI SAMPAIO (gente boa demais. É o tipo de cara que o mundo precisa, tranquilo. Não se mete em problemas, diz Elias Rodrigues). Na garagem da história, na espera do presente cênico... a conversa com Toni revigora os tempos passados e os registros materializados no presente/livro dos 40 anos do Teatro Garagem, coisa agradável a troca/conversa com pessoas sensíveis e flexíveis  desse mundo duro/desses tempos nebulosos/obscuros da nossa história de brasilidades. As luzes refletidas em relógios que param o tempo e entre passos e deslizamentos de corpos/ruídos que se entrelaçam nos movimentos dos corpos diferentes diversos, flexíveis  e soltos no campo cênico. Fértil, com fluidez pelos caminhos recortados pela história do palco cênico. Um espetáculo com uma força humana/cênica que revela a força da arte/inclusão. Corpos na dança/movimento que embalou nossos espíritos humanos para o campo da reflexão.
Chegamos no hotel para o devido descanso. No dia seguinte (20) acordamos entre meios a conversas e sonoridades que vinha de um frio soprado pelo vento do planaldo central e nas conversas que misturavam fragmentos de interesses e religião. No pós café... uma caminhada pelos arredores do hotel para comprar pasta de dentes, água e frutas/dietas do corpo.
Na tarde a montagem no Teatro Paulo Autran corre na velocidade com conversa entre Joãozinho (um mestre do som) e o Leonardo (o homem/luz)... entre uma curiosidade e uma informação sobre equipamento eu e o seu João já até circulavam pelo centro de Tagua em busca de um “case” ou Gabinete para os módulos de potência do TAPIRI. Entre um movimento de luz e som, já era o momento de iniciar a apresentação de “As Mulheres do Aluá”. A plateia se completa com parentes/meus queridos sobrinhos e amigos de longas datas e da arte da palhaçaria. Zé Regino presente e meu parceiro de cena das antigas, Elias Rodrigues que já não via de longas datas. A cachaça de Jambú marca esse encontro super especial. O debate percorre os olhares atentos dos poucos/curiosos que ali permaneceram  com uma conversa do trabalho cênico dedilhado/tecido pelas 4 mulheres na cena proposta. Material embalado... partimos para o hotel.
O Frio cortava meu corpo pelos tecidos da história... e neste dia 21 de julho a sensação é de encontro histórico, pois a exatamente a 40 anos  eu riscava algumas ações físicas/politica/poética na cena brasiliense.
A oficina do ator criador e da cena me remetia aqueles dias representativos de 1978, nas quadras/super/quadras e nos anfiteatros das escolas do cruzeiro novo/velho. Veio-me também a lembrança a encenação do 7 de setembro em 2012, do desfile e do maior cortejo/espetáculo de brasilidade ao lado de Zé Regino, Amir Haddad e mais de 300 artistas/brincantes de ruía e de sonoridade/dramaturgia percussiva sobre a batuta de Hugo Rodas no desfile Oficial do Setembro e com a coordenação de Sérgio Bacelar. Foi uma das mais lindas experiências/cena do Teatro Brasileiro que já participei. Tudo com mexendo com meu passado e minha cabeça/artista.
A oficina começou com o desacelerar dos corpos e da descoberta de que tudo é dramaturgia (aquilo que esta perto e próximo das mãos/visão/sensação). Onde nascem as memórias? Um mundo de sensações /sensorial. Assim começou o trabalho exercitando os sentidos/aguçando o campo sensorial para despertar as memorias. Uma descrição/exposição da trajetória do artista/ator criador e da cena. Como enfrentar os desafios a arte/teatro em tempos obscuros e de muito ruídos pela Cidade/País. Quem sou “eu” representativo e “eu” do mundo real neste universo cênico/contemporâneo.
Relatos/vivências/experimentos marcaram nosso encontro nas 6 horas plenas no palco do Teatro Paulo Autran em Taguatinga – DF. Momentos ricos e de suma importância para nossa caminhada por esse gigante PALCO que gira pelo Brasil afora. Até breve Brasília. Agradecido ao SESC/DF. Felicitação ao nosso SESC/RO por acreditar no nosso coletivo e pela confiança depositada. Fomos eternamente gratos. Até muito breve SESC/DF e nossa linda capital federal. É só uma primeira passagem.