Flávia Diniz
Viagem cansativa.
Viagem longa até o hotel. Músculos tensos. O importante é chegar bem.
Dia seguinte,
partindo para Arapiraca. Dia maravilhoso e ensolarado. Dia de apresentação,
encontros e reencontros. É sempre uma honra encontrar Euler Lopes, nosso
dramaturgo. Dia de correria. chegar, apresentar e partir... são 37 dias longe
de casa. são dois tipos de saudades: saudade da família e saudade dos
encontros/intercâmbios, de cada apresentação, bate-papo das cidades em que
passamos. Nordeste, onde o povo é acolhedor, é caloroso. O verde que resiste à
fumaça, a queima. O sotaque que contagia. O sol que faz lembrar Porto Velho.
Interior com jeito de capital. Movimentado. As crianças que sonham em ser
jogadores de futebol. E todas as histórias que contam sobre a mesa, todos
empolgados. Esperançosos. A saudade do nordeste guardo dentro da mala.
Agrael de Jesus
Dia 5 de setembro, partindo de Campina
Grande-PB rumo à Maceió - AL, para de lá irmos para Arapiraca, nossa última
apresentação do Circuito 4, trecho 8. No aeroporto é que fiquei sabendo que
teria uma conexão em Recife. Foi uma viagem sui generis. Treme treme na aeronave,
gritos Histéricos de medo de alguns passageiros, tensão. Chegamos sãos e salvos
em Recife. Mas a coisa não ficou só nisso. Além do grande atraso para a conexão
Recife/Maceió, mais de 3 horas, quando conseguimos embarcar e partir, outro
treme treme, turbulência brava, mais tensão e medo. Eu, no meu canto aproveitei
para dormir, nada podia fazer a não ser entregar a vida e as dívidas para Deus.
Acordei nada de anormal tinha acontecido e eu continuava com as dívidas.
Chegamos em Maceió. Mais uma surpresa nos aguardava. Dessa vez a confusão para
localizar o hotel. Fizemos um tour noturno pela cidade. Já no hotel, banho
maravilhoso e reconfortante. O amanhecer foi lindo, sol radiante, cheiro de mar
(O hotel fica pertinho do mar).
Hora de embarcar na Van, finalmente rumo à
Arapiraca. O caminho com uma paisagem linda: serras, montanhas, açudes, rios e
lagoas. Várias cidadelas ou comunidades com nomes exóticos, por assim dizer. Em
Arapiraca, cidade que ainda não conhecia, fiquei impressionada com grande
número de carros e pessoas nas ruas. Coisa incrível. No hotel, enquanto
aguardava a limpeza do quarto, aproveitei para almoçar ali mesmo, pois tem uma
comida maravilhosa e um preço justo. No quarto descansar, organizar o figurino.
De repente vem o comunicado de que o Euler Lopes, dramaturgo de As mulheres do
Aluá, estava no restaurante do hotel. Desci correndo para abraçar e
cumprimentar essa pessoa iluminada, Alegre, radiante, que transmite força e
luz. Fomos todos juntos para o teatro Hermeto Pascoal, local lindo, pequeno,
gostoso, aconchegante, acústica perfeita. No espaço Sesc fui visitar uma linda
exposição denominada METAMORFOSE, do
Artista José Paulo, seu trabalho é o ordenamento e ajuntamento de peças de
produtos reciclados, os chamados de "lixo". São peças simplesmente
lindas, originais. No espaço também passava um vídeo do Artista/Artesão
trabalhando em seu ateliê. A apresentação fluiu maravilhosamente. Energia
saindo pelo ladrão. Público maravilhoso. Platéia seleta e em sua maioria
formada por artistas da área teatral. O bate papo foi lindo, questionamentos
eloquentes e provocadores. E como sempre quando sou diretamente questionada, só
responder a emoção aflora. E aqui gostaria de pontuar: Engana-se quem
pensa ou acha que o meu emocionar é
sinônimo de fraqueza. Afirmo que, graças a Deus sou um ser humano sensível. Sou
gente que gosta de GENTE e me emociono. Meu emocionar por vezes, pode ser de
alegria, compaixão, amor, pena, raiva contida, ódio. Sim, ódio, pois estes são
sentimentos inerentes ao ser humano. E eu dou um ser humano. Minha emoção é o
alimento para o meu fortalecer. E isso ninguém tira de mim. Continuarei me
emocionando e por vezes chorando. Eu sou assim. Isso me faz ser essa pessoa
vencedora, determinada, resolvida, realizada e feliz. Vencendo batalhas para
alcançar o sucesso. Sucesso enquanto felicidade. Alegria e calma espiritual.
Alcançar o sucesso sem gritar para ser vista e notada, sem pisar para aparecer
e sem futricar. Hoje eu agradeço, primeiramente à Deus, por tudo o que eu sou e
estou enquanto ser nesse universo. Aos meus pais que me ensinaram a ser
íntegra, honesta, leal, companheira, fiel, confidente, verdadeira amiga.
Agradeço também e muito sou grata aos professores, ao mestre Chicão Santos, aos
colegas do O imaginário: Amanara, Edmar, Flávia e Zaine. Vocês estão me
ensinando muuuuuitas coisas. Muuuuuitas meeeesmoooo!!!! Algumas por vezes me
assustam, outras me deixam espantada. Mas na maioria me divertem. Estou grata
ao Sesc, na pessoa da Andressa, ao Palco Giratório, por me proporcionarem essa
aventura gostosa e esse aprendizado. Continuo aprendendo sempre e me
emocionando muito. Vamos juntos, ainda temos muito a cumprir nessa linda e
prazerosa missão. Inté.
Edmar Leite
•Dia 1
Pensativo.. Mente
ocupada.. Dia de viagem. Primeiro trecho tranquilo, porém aviões pequenos são
pouco estáveis e muito barulhentos.. complicado pra quem os sentidos aguçados..
porém deu pra levar. O segundo trecho foi um exercício de paciência, atraso de
mais de 3 horas, o trecho foi repleto de turbulências. Foi um dia cansativo,
porém com oportunidade e tempo para reflexão. Finalmente chegamos em Maceió.
Uma volta por perto do hotel e descanso. Amanhã partimos pra Arapiraca.
Dia 2 (que pra Arapiraca é o 1)
Amanheceu com aquele
cheiro de sal em Maceió. Sol brilhante e céu azul. Dia de viagem e
apresentação. Pegando a estrada para Arapiraca pela manhã, pequena parada pra
reconectar com o mar. Paisagem vasta, de serras até grandes descampados,
plantações, pastagens, cidadezinhas. Do amarelo opaco ao verde vivo. Estrada
boa, viagem tranquila. Chegado no hotel e logo a montagem. Trabalho duro,
recompensador. Montar, contrapesar, afinar, gravar.. reencontro com o querido
Euler Lopes, dramaturgo de As Mulheres do Aluá e amigo. Apresentação forte,
público bom. Embalamentos, preparação pra voltar pra casa. Despedida de
Arapiraca. Encerrando essa primeira grande fase da circulação pelo Palco.
Arapiraca vai deixar saudades. Cidade pequena que às vezes parece grande,
trânsito caótico porém calmo. Cidade bonita.
Dia 3
Dia inteiro de
viagem. Estrada e ar. 12 horas. Chegada em casa. Lavar roupas e trocar as
pilhas pra seguir adiante. Grato por toda essa vivência e experiências. Que
venha a próxima etapa.
Amanara Brandão
A
sensação de estar pela primeira vez em algum lugar é sempre especial, e quando
se é bem recebida, é inexplicável. Essas últimas semanas pelo Nordeste foram assim,
e em Alagoas foi pra encerrar essa etapa com chave de ouro. Apesar da canseira
que bateu na chegada à Maceió, devido o atraso do vôo na conexão em Recife e
depois a odisseia que foi pra achar o hotel onde nos hospedaríamos por aquela
única noite, o amanhecer em Maceió foi lindo (de correria também; tomar café e
partir de van rumo a Arapiraca), e aquela paradinha mínima de uns 10 min pra
molhar os pés na beira mar foi essencial, pra seguir viagem em alta (afinal,
era necessário um "esforço" nesse dia que já chegaríamos na hora do
almoço e nos apresentaríamos à noite). No caminho segui encantanda com o povo e
a paisagem tão diferente do contexto amazônico, e tão inspiradora, tocante...
deu pra entender porque o Nordeste é cenário pra tantas narrativas na
literatura e demais artes. Me surpreendi com o ritmo de Arapiraca, acelerado.
Depois do almoço o nosso dramaturgo Euler Lopes também chegou ao hotel (que
aproveitou a oportunidade de estarmos ali e saiu de sua cidade, Aracaju, pra
nos assistir, depois de 3 ou 4 anos desde que foi à Porto Velho para tal).
Reencontro muito alegre, pra renovar todas as trocas. Na companhia de Euler e
Flávia ainda saí pra ver a praça em frente o hotel e tomar um sorvete pra
adoçar a vida, antes da hora de pegar a van e partir pra lida. No Sesc, a
exposição Metalmorfose, de José Paulo, coloriu meu dia, com tamanha
sensibilidade e maestria em criar e recriar a partir do 'lixo' (tema que
transpassa tanto também). No Teatro Hermeto Pascoal, uma graça de espaço,
aconchegante, daqueles lugares que a gente só de passar o olhar fica com
vontade de apresentar. E a apresentação foi mesmo muito potente, estávamos com
a energia alta que nos é comum. Na conversa pós espetáculo, com o público,
tantos questionamentos-reflexões surgiram que passamos mais ou menos 1 hora
nessa troca intensa. O principal tema abordado, como tem acontecido (mas até
então não tão intenso assim), foi a negritude, e em especial um questionamento
a mim e Agrael, sobre nossa experiência como mulheres negras em cena reafirmando
certos estereótipos de corpo escravizado (considerando a palavra num sentido
mais amplo, inevitável em tal contexto,
onde lidamos com uma narrativa histórico documental). Veio num momento crucial,
onde também tenho me questionado sobre as narrativas que quero contar e espaços
que quero ocupar com meu corpo, voz, história... Esse ano, no geral, tem sido a
continuação de algo que se iniciou mais ou menos aos 15 anos, que é minha
percepção como mulher negra no mundo que vivo (percepção que tem ficado mais
significativa com a chegada da idade adulta). Tem doído muito, não vou
esconder. Tenho chorado em me deparar com tanta hostilidade, não só na questão
que me atinge mais diretamente. Me dar conta da dívida histórica que ainda não
reparamos e me perceber nesse momento em lugares que foram negados por tanto
tempo àquelas e aqueles da minha cor tem sido de importante reflexão e
inspiração, trazendo a luz do entendimento na prática. Vivo muitos embates
internos cada vez que tô num Teatro, afinal, continuam sendo espaços elitizados
onde ainda é a mínima parte da população que tem acesso, também com todas suas
burocracias para artistas conseguirem ocupar tais espaços. Embates
construtivos, que me inquietam e fazem continuar, cada vez mais firme na
missão. Que bom ter alguém como a Agrael como colega de trabalho e também amiga
inspiração; exemplo de mulher que vive todas as opressões sociais, que se
potencializam quando a pele é escura. É uma força na qual eu me abrigo e peço
socorro nos dias que doem mais... Por fim, a noite foi de festa. Agradecimentos e comemorações por mais um circuito completo com muito êxito.
Após tanto chão, tantas horas, a chegada à Porto Velho foi uma alegria só! Minha mãe Geniele e minhas irmãs Lorrane e Lorena nos esperavam até com um cartaz, com o nome do grupo e integrantes e uma frase de elogios e agradecimentos... Minha família sempre incrívellllll, fico toda boba com essas três... felicidade e gratidão transborda. Ao O Imaginário, ao Sesc, a todos os seres que estão disponíveis para troca conosco.
Que venha a próxima etapa.
Zaine Diniz
Chegamos em Maceió com atraso considerável
e umas turbulências literalmente, vôo com emoção! Alguns conflitos com gps e
um role na cidade até chegar ao hotel, enfim a moça do app estava certa, e viva
a tecnologia. Repouso merecido e no outro dia partir para Arapiraca, última
apresentação dessa etapa do circuito. Gente, quantos países dentro desse nosso
Brasil! Quantos sotaques distintos, cada um com sua beleza e sonoridade única.
O jogo foi rápido, chegar, almoçar e se preparar. Nesse entremeio, receber
Euler Lopes com seu abraço forte e aconchegante, que pessoa iluminada, com
tanta energia e disponibilidade para encontros e trocas. Nosso jovem autor,
dramaturgo que nos renova de possibilidades a cada encontro. Nosso convidado especial para essa
apresentação. No sesc, visitei a exposição METALMORFOSE do artista José Paulo
que ressignifica e da vida a figuras tão encantadoras com objetos que aos olhos
comuns não passam de lixo, ferro velho - com sua criatividade e habilidade
criou um mundo de figuras, um mundo paralelo, fiquei encantada. Já no teatro
Hermeto Pascoal, tudo pronto para a apresentação, trocas no camarim com Euler
sempre por perto, foi uma festa. Energia a mil, elenco ligado e foi muito bom.
Bate papo como sempre fervoroso sobre a temática proposta no trabalho e a
certeza de que de temos conversar mais sobre o que pensamos do trabalho que
estamos defendendo, sobre o nosso fazer artístico, por quê e para quê e quem
fazemos e como isso nos afeta ( ou não) no nosso ser e as pessoas que nos
rodeiam. Enfim, é preciso parar de olhar só para o nosso umbigo e entender que
o trabalho é resultado de escolhas, podemos querer fazer e discutir e assumir o
que estamos fazendo ou não ou simplesmente não querer discutir (o que é
lamentável) pois há muito que se falar, se entender. Véspera de 7 de setembro,
dia estranho com as notícias da política e reverberante o atentado ao candidato
que prega a violência , intolerância e tantas coisas ruins... seria facada ou
fakeada? Tudo é possível nessa campanha, enfim nada me surpreende tanto,
prefiro dar um carinho em uma catiorinha de rua que me retribuiu em dobro. Ao
som de marchas militares do desfile de 7 de setembro, deixamos essa cidade.
Gratidão a esse projeto PALCO GIRATÓRIO por tantas trocas, vivências e
aprendizagem. Acrescente no meu diário: Que felicidades que nos foi proporcionado pelas irmãs e mãe da Amanara no aeroporto!! Aquela placa de isopor com palavras tão sinceras me emocionou muito... me senti em casa... recebido todo carinho e que é reciproco por todas elas! Elas entendem o nosso papel na arte é na vida , GRATIDÃO .
Chicão Santos
Duas partidas, quatro
hélices... Intranquilidade, instabilidade e muito medo. Assim início
essa narrativa de dois voos, um de Campina Grande à Recife e outro de Recife à
Maceió. Pelas janelas avistava o movimento sincronizado das lâminas/turbina das
aeronaves... Turbulência e um sentimento atormentador dentro de um espaço
coletivo/nave. Procurei observar ao lado e parece que o medo é coletivo e
único. Uma coisa incomum, talvez pela minha instabilidade também. Parecia que
não era para chegar, atrasos de voos, aeronave sem tripulação e horas a fio de
espera no aero/recifiense. Provisões divinas. Enfim em solo alagoano. Neste dia
05 de setembro já estávamos percorrendo em círculo no sentido contrário para
chegar ao lugar de descanso. Não tardou para corrigir a rota pela geomática na
linda cidade de Maceió. Ao longo o mar que observava tudo no vai-e-vem das
ondas. E tudo sendo ajuizado pelos quatro cantos do país. No perfil do face
book do nosso curador do Palco Giratório/SESC/Acre, uma estranha visão:
Publicado
no perfil no face book
Marques
Izitio está se sentindo pensativo.
5 de
setembro às 00:09
“Não
tenho uma boa notícia! Acabo de ter uma visão que Bolsonaro morre antes das
eleições. A visão estava meio estranha. Não consegui entender do que ele
morria. Mas era muito triste. Espero que eu esteja errado, porém, sempre que
tenho essas visões, acontecem. Fato”.
Marques
Izitio está se sentindo triste.
6 de
setembro às 13 h
“Meu
Deus! Estou com medo! Realmente essas visões estão perturbando minha mente
novamente. Eu pensei que tinha acabado! Que Deus abençoe este homem e não
aconteça o que realmente vi no final da visão”.
No dia 06, embarcamos para
Arapiraca uma viagem tranquila e vista/registro desse nordeste brasileiro. Ao
longo da estrada lugares, pequenos e indicativos de praias/empreendimentos. Ao
longo observo duas cidades: Palmeira dos Índios e Arapiraca neste imenso
agreste alagoano. A nossa Van/SESC faz um sinuoso caminho por um corredor para
atingir ao seu final o estacionamento do hotel/Falcão. Tempo para um almoço, um
encontro com Euler Lopes, nosso dramaturgo que veio de Sergipe/Aracajú para
partilharmos de mais um encontro e de imediato partimos para iniciarmos a
montagem da luz/cenário no Teatro Hermeto Pascoal no SESC Arapiraca, da
apresentação deste dia de setembro no Palco Giratório e na Aldeia Arapiraca
2018. O Teatro agraciado com uma bela arquitetura cênica nos acolheu no seu
“mise en scène”. No mesmo tempo que nosso Produtor/SESC/Maceió Magnum nos
recebeu e também o técnico do teatro. Uma energia nos prendia e as coisas não
corriam na velocidade almejada e desejada. Uma tarde estranha. Finalmente
fechamos o nosso projeto/mapa das luzes. Também já circulavam pelo espaço da
cena as atrizes. E entre um gosto e um ruminar de uma semente oleaginosa,
observei as obras de um artista de aquilatada potencia criativa nos espaços
interno/galeria e nos espaços/céu aberto do Sesc. Já anunciadas/imaginativamente
às três pancadas de Jean-Baptiste Poquelin a cena se abre e o público se
espalha pelas cadeiras avizinhadas a do nosso dramaturgo. Uma apresentação
inquieta de mulheres para um público mais inquieto ainda. Acho que foi a
plateia mais tempestiva e participativa que tivemos até agora. A participação
seguiu pelo debate afora. Muitas questões postas. Por camadas sendo diluídas
com certezas/verdades escavadas pelo açoite das interrogações. A instabilidade
posta à prova. Conceitos desfeitos e aprofundamento de crânios para a
justificação do “pensamento homem” demolidor do ser. Na dramaturgia, na
encenação e na atuação pegadas e ruídos do desconforto da intangibilidade e da
capacidade resolutiva que a cena/teatro não dá conta. Da minha imperfeição e da
imprecisão de compreender a sutileza do movimento esmerado e oportuno do novo e
velho pensamento. A carga muscular em que a mente já não comanda e obedece
mais. Ainda os resquícios da turbulência e das imagens das lâminas/turbinas
cortando o pensamento envaidecido e soberbo de aspirantes de uma tripulação
inexistente ou que ainda não chegou. Na volta ao palco para a continuidade da
desmontagem uma pérola diamantizada: quando voltarmos para nossa aldeia, “quem
vai alimentar os "monstros" que criamos internamente? Eles estarão
famintos, com muita fome”. A instabilidade no “pensano” que reflete a vida
nacional num turbilhão de desencontros e de destino/futuro incerto. A vida
segue pregando peças: quem vendia a segurança, inseguro e sendo vitimado pela
própria falha na segurança. Um dia 06 de setembro, cheio de metáforas dentro e
fora de mim. O encontro com Euler Lopes, nosso querido dramaturgo, me apaziguou
e me tranquilizou com conversas pontuais de coisas, de pessoas, de seres e da
própria natureza humana. Foram poucos os momentos mais/muito intensos. Os
pensamentos acalmados pelo liquido maltado da serra/Petrópolis. Quem sabe, faz
a hora... E o palco continua a girar. A
independência, o grito pela independência alude na nossa dependência. Abre um
sol sobre a cidade de Arapiraca, um café com projeto com Euler Lopes e Zaine
Diniz para uma conversa sobre nosso encontro maravilhoso e o sinal sonoro
ouvido pela janela, já nos orienta para a partida para Maceió/Porto Velho para
uma breve parada na casa/ninho e seguir pelos rincões do nosso Estado/Floresta.
Seguimos firmes, com base, com destino traçados e certos neste Palco que
continua a girar.