quarta-feira, 5 de setembro de 2018

DIÁRIO DE BORDO – CAMPINA GRANDE- (PB) 30/08 A 05/09





Chicão Santos

“Gostei muito da companhia de vocês. Artesãos do fazer teatral. Teatro puro. Desses que a pessoa se reconhece e se identifica. Atores e pessoas interagindo generosa e integralmente. Muito obrigado. É espero vê-los sempre que possível”. Anderson Lima – Produtor/Anjo SESC/PB.

30 de agosto, 13h40, partimos para Campina Grande na VAN/SESC. A viagem me fez lembrar as andanças/caravanas, pois a estrada/BR-230/transamazônica nos liga.

“É uma rodovia brasileira, criada durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974), sendo umas das chamadas “obras faraônicas” devido às suas proporções enormes, realizadas pelo regine militar. É a terceira maior rodovia do Brasil, com 4.223 km de comprimento, ligando a cidade de Cabedelo, na Paraíba à Lábrea, no Amazonas. É classificada como rodovia transversal. Em grande parte, principalmente no Pará e no Amazônas, a rodovia ainda não é totalmente pavimentada”.


De longe observei atentamente ao alto de um elevado/montanha uma aglomeração de prédio, uns mais altos e outros inacabados e o nosso motorista anunciava... Ali é Campina Grande. A cidade do maior evento, a cidade do folclore, do São João. Adentramos na cidade e um lago surgiu bem na nossa frente, lembrando um pouco João Pessoa, uma rápida passagem no SESC AÇUDE para deixar uns documentos e peças e fomos para o Serrano/hotel, o relógio marcou 16 horas e já estamos acomodados. Ainda na “boca da noite”, fomos numa espécie de feira/mercado popular encontramos muitas frutas e produtos da zona rural paraibana. A noite serviu para um merecido descanso. Agora no 31, ultimo dia do mês de agosto. Um café e um bate-papo com Zaine Diniz, Flavia Diniz, Amanara Brandão e Edmar Leite, para iniciar o dia. Fiz as tratativas da readequação da programação em Campina Grande, para atender a demanda local. Ainda não encontramos com o Mestre Amir Haddad que se encontra aqui ministrando oficina pela Funarte pelo programa Funarte de capacitação técnica 2018. No dia 31/08, entre uma conversa/conexão com o pessoal da Funarte sobre políticas públicas e pelos rumos que as artes no Brasil tá tomando e uma circulação pelo centro da cidade/Campina/Grande. Já estávamos no SESC centro na sala "TSI”, aguardando os participantes da oficina. Acolhido pelo nosso produtor/anjo Bruno, uma pessoa ultrassensível e que ficou o tempo todo conectado com a nossa passagem por essa cidade/sonho, do folclore e do açude velho, do maior São João do Brasil.

“Mais uma oficina maravilhosa que o @sescpb nos oferece. Desta vez com o grupo O Imaginário de Porto Velho - Rondônia. Palco Giratório: Oficina "Gestão/Produção Cultural do Nosso Ofício" Ministrante: Francisco Santos - RO. Gratidão ao SESC Campina Grande, na pessoa de @alvernandes e a todos que fazem parte do grupo O Imaginário. Let's Go Grupo de Dança/Campina Grande – PB”, fonte: face book.

As pessoas/participantes acompanhavam atentamente as explicações e o desenvolvimento do conteúdo ali estampados. Apesar da correria dos participantes das ultimas semanas não houve falta de interesse e entusiasmo em aprender e promover a troca de conhecimentos. E com tudo isso já passavam das 9 e ali encerramos o primeiro dia da oficina. No dia 01, primeiro dia do mês de setembro, a promessa de uma agenda cheia, com muitas atividades, pois em comum acordo entre a produção local e a produção do O Imaginário e pela necessidade de ajuste na programação foi antecipada as atividades de segunda-feira, pois a maioria dos participantes trabalha em outras funções/atividades e ficariam impossibilitados de participarem. E às 8 horas no Centro de Cultura do UEPB/prédio vizinho dos Correios do Centro, estávamos ali irmanados, Professor Chico e seus alunos e os integrantes do O Imaginário. A troca foi um momento impar para o fortalecimento do fazer artístico e para o teatro, nosso ofício, quatro horas de conversas e entendimento do fazer e dos saberes... Uma verdadeira aula sobre o teatro brasileiro. Relatos e experiência ditas/vividas/vivenciadas ao longo de mais de 4 décadas de teatro, um teatro que tem um compromisso social/politico/artístico. Um momento histórico tão importante que o tempo nos traiu e foi pouco para tanta necessidade de trocas das experiências e de experimentos teatrais. O nosso produtor/anjo anunciava que haveria uma entrevista ao vivo no Sesc/Centro ao meio dia, para a TV, para divulgar a apresentação de As Mulheres do Aluá. A Zaine Diniz manda o recado pela TV convidando a população para a apresentação aqui na cidade. Na sequência fomos almoçar, numa velocidade de fórmula 1, para que as 14 horas estivéssemos no SESC para o segundo dia da oficina de Gestão/Produção. Uma passagem pelo hotel para escovar os dentes e aí finalmente e encontramos o Mestre Amir Haddad, que estava sentado, terminando sua refeição, entre conversas/trocas/afetos. O mestre já estava quase de partida para o Rio de Janeiro. Trocas rápidas entre o Mestre Amir e os técnicos da Funarte, foi possível conversávamos e ver que o Mestre Amir tá muito bem de saúde e muito bem para o trabalho. Encontramos a nossa parceira/amiga Beth Araújo da Funarte, o professor de iluminação cênica Lobo e os demais professores que estavam ministrando oficinas pela Funarte. De volta ao SESC Centro, já na sala, a conversa volta com bastante intensidade e entre uma intervenção e uma pergunta os conteúdos se desenvolveram sobre projeto cultural, financiamento, conteúdo e produtos culturais, Leis, decretos, portarias e ainda sobre sistemas de produção, cadeia produtiva, economia da cultura. Uma rápida avaliação dos dois dias e já estamos dentro do Salão de Artes Visuais. Na descida da escada encontramos nosso curador da Paraíba Álvaro Fernandes, um ser inquieto e proativo no mundo/universo arte. Um forte abraço para selar esse profícuo encontro/arte. E aí uma coincidência boa encontramos com os técnicos em artes visuais/audiovisual dos Sesc do Brasil e do DN – Departamento Nacional. Ali estavam nossa Betânia (SESCRO), Poliana (SESCMT), Jane (SESCRS), que felicidade encontrar tanta gente boa e importante para as artes no País. Que salão importante para as artes visuais. Fiquei muito impactado e impressionado com as falas dos oradores, todos numa sintonia sobre a política de artes do SESC PB e assim da mesma forma fiquei feliz de ver tantas obras no salão. Na sequencia um momento para saborear um banquete oferecido aos convidados. Uma delicia para um sábado que ainda não terminou. Dali mesmo, subimos as escadas e fomos para o teatro para fechar nosso intercambio assistindo o espetáculo do Grupo, dirigido pelo Professor Chico Oliveira, um Dom Quixote e seus delírios Quixotescos. Achei uma boa sacada do SESC finalizar o intercâmbio com um trabalho do grupo. Momento importante para que a gente possa ver a cena da cidade e estabelecer uma conexão com essa produção. Ao termino deste sábado estamos completamente exausto, porém com uma vibração/energia a mil, uma energia boa circula pelo meu corpo e uma sensação de felicidade. No dia seguinte, dia da nossa apresentação, já havia agendado com nosso produtor/anjo e com o técnico de luz a montagem para as 12 horas. Eu e o Edmar fomos fazer uma caminhada matinal pela feira e como estava fechada, fomos em busca do açude velho, não mais de 40 minutos já era possível avistar o grande volume de água do açude, localizado bem no centro da cidade/grande, depois de uma água de coco e um pedido de informação, fomos em direção ao bodôdromo, uma local/restaurante onde serve comidas, especialmente da carne do bode, e em especial a buchada de bode. Ali nos estalamos e enquanto esperávamos a Zaine e Amanara, já que as demais atrizes ficaram no hotel. E ali me senti em Campina Grande saboreando uma deliciosa Buchada. Uma delicia da culinária do nosso grande Nordeste. As 14 horas já estamos no Teatro para a montagem de cenário/luz do espetáculo As Mulheres do Aluá. Uma ação rápida e tudo pronto e as 17 horas as Atrizes já iniciavam a preparação para a sessão do espetáculo no SESC CENTRO. A apresentação começou as 20h10 apedido da produção local e um bom público compareceu lotando parcialmente o lindo teatro. No debate as atrizes e a plateia fizeram a conexão com o público e os temas: violências, mulheres, histórias e suas relações neste momento da sociedade contemporânea, que ainda vive uma relação de idade média, especialmente nas relações de gênero. Neste mesmo instante a desmontagem acontecida na velocidade de sempre. Tudo embalado e na VAN depois Hotel. Ainda no SESC a triste notícia do incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, uma imagem triste da cultura nacional, as chamas derretendo tudo e todos... Uma tristeza que atinge a alma da cultura brasileira. Momento de muita tristeza e sentimento de perda.
Entre uma boa conversa no saguão do hotel e já sentíamos o cansaço e o corpo que repousa em busca de recomposição das energias. Como antecipamos as atividades do dia 03 e tínhamos o dia 04 livre. Então são duas merecidas folgas, mesmo assim hoje dia 03/09, estamos novamente no SESC para ver a cena da cidade/estado, vamos assistir: O SESC PARAIBA EM CENA, com a Cia Fuá de Terreiro, com o espetáculo: Baile Moderno. A cena aberta a atriz/bailarina embala as pessoas para a cena adentrar e a cachaça beber. Um arqué para a alma humana. Ao som da rabeca e na manipulação de objetos, do metal ao barro. Quatro jovens talentos inicia uma viagem pelas matrizes da nossa cultura popular brasileira/nordestina. Uma estrutura de matrizes de coco, maracatu, ciranda com uma mistura de influência afro-indígena, com um fio condutor da contoria dos folguedos populares mas atravessando a ponte do tradicional com o moderno, sem perder a conexão com a ancestralidade e a maestria do griós. Fiquei muito impressionado com as atrizes/dançarinas e com a performance de “Topete” e Edmilton. Pessoas/meninos que admiro e gosto muito. E que tive a oportunidade de conhecê-los em 2013, na sede do “Quem tem boca é para gritar”. Um trabalho que reporta a tese que defendo de formação de atores a partir das estruturas das matrizes da cultura popular/cavalo marinho.

“Olha, eu que agradeço pela compreensão do grupo, parabenizar pelo trabalho maravilhoso e pelas pessoas magnificas e simples que vocês são. 2018 tem sido desafiador e encontrar um grupo com a energia de vocês ameniza toda a carga ... Desejo muito mais sucesso! e contem conosco!”. Bruno nosso Produtor/Anjo do SESC/Campina Grande – PB.

No dia seguinte, dia 04 de setembro, tivemos o privilegio de almoçar/degustar uma “buchada de bode”, seguido de umas águas/ardentes de Serra Limpa, na companhia do nosso curador/Paraíba Álvaro Fernandes. Que oportunidade generosa e ímpar. Gratidão eterna Álvaro. E ainda para completar nosso cardápio/agenda cultural nessa Campina Grande um espetáculo do “Sonora Brasil do SESC”, com o sofisticadíssimo repertório do “Quinteto de Metais da UFBA. Depois dessa chuva que caiu no sertão é hora de partir para Maceió/Araripina. Até mais breve Paraíba.

Agrael de Jesus

Satisfação, emoção, recordações. Sentimentos borbulhando. Deus me permitindo mais uma vez ver e rever lugares dantes visitado. Campina Grande, local onde curti vários São João. Pena que agora não é época dos festejos juninos. Translado de João Pessoa à Campina Grande, de Van, viagem maravilhosa, permitindo apreciar a paisagem,  terra castigada pela sêca, falta d'água, sofrimento. Agora a paisagem está um pouco amena em virtude das poucas chuvas que caíram. Alegria ao adentrar na cidade e encontrar o famoso Açude Velho. Local onde antigamente fornecia água para toda Campina Grande, hoje serve de capitação de todo o esgoto da cidade. Infelizmente. Após alojar no hotel fui fazer uma visita na feirinha (que de "rinha" não tem nada), na realidade é uma feirona. Dia 01/09, o intercâmbio foi uma coisa muito prazerosa, conhecer o professor Chico Oliveira, pessoa abençoanda e iluminada. Encontro dos dois Chicos: Chico Oliveira e Chicão Santos. As falas dos dois, cada um com sua particularidade e conhecimentos distintos, foram uma aula para minha pessoa inexperiente, engatinhando na arte teatral. A tarde desse mesmo dia tivemos o primeiro dia de oficina, público maravilhoso, pessoal cedente de conhecimentos. Dispostos a alimentar mais e mais o leque de vivências. Os dois dias de oficina foram enriquecedores. Anoite assistir o espetáculo Delírios Quixotescos( adorei o título kkkkkkkkkk). A nossa apresentação foi explendida, plateia embasbacada com o tema e como é passado, retratado. Na segunda-feira fomos presenteados com um lindo espetáculo de dança: Aliás, uma miscigenação de vários segmentos: coco, tribal, cavalo marinho, etc....Muita resistência corporal. Nossa última noite tivemos o coroamento, bálsamo para o corpo, mente e alma: Quinteto de Metais. Simplesmente lindo e maravilhoso. Obrigada ao SESC C. Grande-PB. Foi tudo muito intenso, porém maravilhoso. Obrigada Álvaro, Bruno, Lizandra. Gratidão imensa.


Zaine Diniz

Que delicia a viagem de van até essa cidade!  A paisagem que se modifica, traz uma calma que eu precisava para continuar a jornada. A cidade, com uma correria mais rural me lembrou Cacoal, cheio de carros indo para as linhas e comunidades próximas - soa mais rural que urbana.  Esse lugar me presenteia com a culinária maravilhosa!  Rubacão, carne de sol e queijo coalho assado!! Impossível não ser feliz aqui. Me impressiona também o lado nada bonito da cidade: mal cheiro das vielas, pedintes com necessidades especiais pelas calçadas do centro, a violência que a tv mostra a todo momento, nos revela as mazelas desse interiorzão de meu Deus.  Nos primeiros dias, intensas atividades: oficina de produção onde chicao santos com sua maestria conduziu tão bem e novamente deu um show de competência e comprometimento com a função. Varias produtores culturais e artistas na sala para estudar e discutir a produção e gestão, entre essas pessoas, a nossa querida Cynthia Anjos, nossa “cria” que passou pela primeira e inesquecível turma do Tapiri e que há cinco anos saiu de Porto Velho pra seguir seu caminho por essas terras, foi lindo encontra la e matar um pouco da saudades, faltou ver a pequena Sofia, mesmo assim, obrigada pelo carinho e companhia e continue trilhando pelos caminhos da arte, do teatro, do cinema, onde quiser. O intercâmbio com a cia do Rosário sob o comando de Chico Oliveira foi encantador, pela sua luta e resistência no fazer teatral, na cena de Campina Grande e da Paraíba. Assistimos o espetáculo resultado da turma de 2016 do seu núcleo de pesquisa “Delírios Quixotescos”, assistimos também o trabalho forte dos nossos amigos de João Pessoa - Topete e Ademilton que com seu grupo deram um show de côco, caboclinhos, maracatu de quintal aliados com eletrônico de uma guitarra que tocou fundo, bem como a energia e prontidão das meninas em cena que realmente arrepiou até a alma e que lindo a reverência, o carinho e o respeito para com os mestres onde eles beberam da sabedoria e prática que fizeram parte da caminhada de cada um. Revigorei me nas emoções que a arte é capaz de nos presentear.  Cada vez mais entendo a necessidade de nos profissionalizar mais e quanto é necessário o amadurecimento - não falo de idade cronológica - mas de emocional pra poder transitar em uma circulação como essa. Não tem espaço para trololós, precisamos crescer e nos fortalecer e prevalecer o bom senso, humildade e reconhecimento da nossa função e missão diante de um projeto como Palco Giratório, onde giramos literalmente por esses palcos, essas culturas tão diferentes e tão grandiosas, com tantos encontros marcantes e que com certeza deixamos um pouco de nós e levamos também da arte do outro. Para finalizar, assistimos ontem o quinteto de metais da universidade da Bahia, onde me tocou muito pela exímia execução das peças e pela reverência aos mestres , meu pensamento e coração remeteu ao meu avô Maestro Didi - Juvêncio Aquiles Diniz  in memória - do qual só sinto não ter aproveitado tanto a sua companhia, a sua sabedoria e sua arte, pois era muito criança quando ele partiu , e que ficou suas partituras, sua obra e a saudade. Seguindo agora para Arapiraca, cidade que estarei pela primeira vez, assim como foi Campina Grande, primeira vez! Ansiedade por conhecer e depois 3 dias em casa, ansiedade também ...  gratidão e saudades me resume.

Flávia Diniz

Paraíba foi/é intensa, necessária e inspiradora! Encontros e reencontros. Interior com jeito de capital. O sotaque fascinante, encantador, culinária atraente. Sol com direito a vento e à noite com vento congelante. Um pouco interior, um pouco capital. Com cavalos, burros, carros, pessoas generosas, cuidadosas. Pessoas de bom humor, que está no seu biotipo projetar a voz, a gargalhada. Me faltam adjetivos para descrever uma cidade tão receptiva, tão admirável.
Muito produtivo nossa passagem por Campina Grande. Tivemos um intercâmbio maravilhoso com o Núcleo de manutenção de repertório. Foram apenas quatro horas de troca, que passaram tão rápido e se deixasse, poderíamos ficar o dia todo com essas pessoas tão carismáticas. Foi dia de correria (que eu amo). À tarde, fomos para a oficina e que sempre me faz pensar muito sobre o artista empreendedor. Ainda tenho que aprender muito. Tivemos a oportunidade de assistir o espetáculo Delírios Quixotescos, com a direção do Chico Oliveira. Tão bom ver aquelxs jovens se dedicando ao seu ofício, que tem todo o potencial e que estão numa crescente.
 Ainda tivemos a oportunidade de encontrar o mestre Amir. É uma grande inspiração ver essa pessoa com 80 e poucos anos e com a energia de um jovem.
Dia de apresentação, o teatro lindo, todo conservado. O bate-papo foi muito rico.
Os dois dias que tivemos livre, foi de muita introspecção. Um projeto tão maravilhoso que é o palco giratório, nos possibilita conhecer os trabalhos dos artistas locais.

Edmar Leite

#Campina Grande - PB

•Dia 1

Despedida de Jampa. Mais uma vista das franjas do mar. Dia de viagem. Estrada tranquila e viagem também. Paisagem descampada, dura, porém bela. Chegada tranquila. Pequena volta aos arredores. Descanso.

•Dia 2

Dia da primeira parte da oficina de gestão e produção; turma boa, interessada, participativa, questionadora. A oficina fluiu de forma dinâmica e natural. Idéias gerais sobre projetos, realidades, troca.

•Dia 3

Dia repleto de atividades. Logo pela manhã intercâmbio com o professor Chico e sua turma. Contextos, históricos, importância do debate e do encontro. Logo antes do almoço rolou entrevista ao vivo para divulgar o espetáculo. Reencontro com o Grão Mestre Amir Haddad, que veio para ministrar oficina de um ciclo da Funarte. De tarde a segunda parte da oficina, novas compreensões, crescimentos. Revendo a Cynthia, parceira do grupo que agora mora por aqui. Vernissage do Salão de Artes Visuais do Sesc, com direito a performance e reencontro com a Beta, amiga pessoal e técnica do nosso Sesc. Pra fechar a noite o espetáculo "Delírios Quixotescos" da turma do Núcleo de manutenção de repertórios e do Núcleo de Pesquisa Experimental Teatral do professor Chico. Um dia repleto.

•Dia 4

Dia de montagem e apresentação, tudo ocorreu muito bem. De maneira rápida e tranquila, graças aos desdobramentos do técnico local Gláucio, que proporcionou as montagens tanto da luz como do nosso som. A apresentação foi tranquila, público reagiu e comunicou, bate papo fluiu.

•Dia 5

Dia livre, aproveitando para conhecer um pouco mais da cidade. Volta nos arredores do açude e nas dimensões do Museu de lá. De noite prestigiamos um espetáculo de ritmos e dança; com base em coco, maracatu, ciranda, danças populares em feral e até os 4 fatores de Labba; esse Baile Muderno da Cia Fuá de Terreiro.

•Dia 6

Dia livre e bom pra se reorganizar. Fechando o ciclo daqui com o início do Sonora Brasil, assistindo a apresentação do Quinteto de Metais. Cidade de interior com arquitetura grande, trânsito brabo, mas calma. Suas ladeiras, clima hora quente, hora esfriando com seu forte vento na noite. Cidade boa pra voltar um dia.

Amanara Brandão

 "Discriminação por orientação sexual é ilegal e acarreta multa". De João Pessoa à Campina Grande foi o que mais li (placas ou adesivos por quase todos os estabelecimentos comerciais), além de muitos pixos pelos muros com dizeres feministas. Um indício da necessidade de que esses assuntos sejam "desenhados" para lidar com tamanha violência de gênero que permeia todo esse país?
Percebi nessa terra mulheres "arretadas", vi em tantos semblantes a força que o sertão nos obriga a ter. "É o Palco Giratório acontecendo e meus "dentes do juízo" nascendo... enrra!" foi uma anotação que fiz por aqui; esses dias em Campina foram de tpm, fase sensível. O calor intenso nos dias e o frio estranho das noites mexeram comigo. Busquei nos encontros, tão preciosos, superar essas "coisinhas" íntimas que me afligiram um tiquinho. Conhecer o Chico Oliveira e sua turma, numa troca matinal intensa foi de alimentar as esperanças, assistir ao espetáculo de encerramento da turma completou essa troca linda. Os dias da oficina de Gestão Cultural foram, mais uma vez, espaço para ampla reflexão. Sábado ainda apreciamos a abertura da Exposição de Artes Visuais no Sesc, uma oportunidade de conhecer os artistas  e seu trabalho (como o Flaw, que esteve por lá organizando, além de expor e performar), onde encontrei também a amiga Betânia, que está por aqui representando o setor de Artes Visuais do Sesc Rondônia. No domingo, dia da nossa apresentação (que, confesso, não achei que foi uma das melhores - visto o quanto sabemos que podemos oferecer) conheci minha nova prima Loriene, rondoniense também que comentou, ao assistir o espetáculo, ter relembrando seus tempos de criança, em Porto Velho, época do ciclo do ouro por lá... Os dois dias livres em Campina Grande deram o tempo de, além de apreciar apresentações de outros grupos e cair na dança com a Cia. Fuá de Terreiro (PB) na segunda-feira e deliciar-se com o Quinteto de Metais(BA) na terça-feira, observar e me surpreender com a falsa calmaria que percebi na cidade no primeiro momento... perceber no Açude Velho a dificuldade humana em lidar com seus resíduos (não só físicos, mas principalmente ou primeiramente mental), ver a luta pela sobrevivência no meio urbano, a violência à qual esse modo de organização social nos condiciona...

Pela janela do hotel, intercalando leituras e a observação do pôr do sol em meio as construções verticais foi meu passa-tempo preferido nesses dias que a vida me pesou, no útero e na consciência.


















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