quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Diário de bordo – CAMAQUÃ RS de 10 a 11 de outubro de 2018





Chicão Santos
Partimos as 10 horas, deste dia 10/10, uma sequência de 10, para Camaquã – RS, uma viagem super tranquilo pelas BR do interior do Rio Grande do Sul. Muitos campos e plantações de arroz. Atravessamos pontes/rios até chegar na ultima estação/cidade deste Palco Giratório 2018, que para mim é simbólico e cheio que significados. Uma dádiva e um presente nas comemorações dos meios 40 anos em cena. Em 2010/2018 um bi/Palco Giratório, isso é muito importante na vida de um ser/artista que resiste e que não abandona a luta por um teatro insurgente e contemporâneo. Camaquã nos recebe com um prédio arquitetônico/cênico da melhor qualidade. Equipamentos modernos, arquitetura moderna/novo... Um teatro lindo, que nos engrandece e que nos coloca na plenitude do ofício das cênicas. Estou/estamos felizes pela oportunidade. Gratidão eterna ao Sistema Fecomercio/SESC e ao Departamento Nacional do Sesc – DN. Nosso SESC/RO que tem uma relação linda demais com o teatro/arte/cultura. Aos Sescs da Amazônia Legal, que organizam o projeto SESC Amazônia das Artes, que permitem nossa Amazônia esteja sempre em movimento. Obrigado a todos os curadores do Palco Giratório e em nome de nossa querida Andressa Batista deixo aqui um cumprimento especial e um beijo no coração de todos. Peço energias dos nossos encantados, seres da floresta, da água e terras para iluminar a todos que sempre tenham força para enfrentar os desafios impostos pelos tempos sombrios em que vivemos. Somos imaginários neste palco que gira, somos seres/artistas nesses caminhos sinuosos de Brasil maravilhoso e cheio de gente linda e que acredita num futuro para as novas gerações. Bom assim neste tom de despedida narro essa última apresentação de Palco Giratório de 2018, com lágrimas e com o coração apertado, pois tenho certeza que dei o meu melhor para que nossa passagem pudesse fazer a diferença e contaminar as pessoas com as humanidades que carrego no meio coração, na minha alma e na minha energia. Somos ideias, somos energias, somos encantamento. Começamos a montagem da luz/cenário as 15 horas, com o acompanhamento do nosso produtor/Sesc, Marcus Vinicius, que é um ser/especial, tipo faz tudo e logo já estava tudo montado e pronto para a sessão especial deste noite. Agora as atrizes estão fazendo aquecimento e já estamos todos prontos para a apresentação. O publico foi formado por alunos de diversas escolas... Na maioria de mulheres/alunas, lotando parcialmente a belíssima casa de espetáculo. No debate perguntas e inquietações. Fiz um reforço da importância do Palco Giratório para as artes cênicas, em especial para o teatro brasileiro, dos temas que a curadoria estabelece para as escolhas dos espetáculos. A plateia toda ali, perguntando e satisfeita com o acontecimento cênico. A desmontagem foi rápida e logo estamos no hotel. No dia 11/11, seguimos para Porto Alegre/Aeroporto e para Porto Velho. Finalizamos o nosso Palco Giratório 2018.

Via WhatsApp:

"Chicão.... Foi um prazer receber todos vocês, principalmente vcs que trabalham na técnica e são muito profissionais, objetivos e que colocam a mão na massa! Espero que tenham um bom retorno e que um dia possam estar conosco novamente!"
                                   Marcus Vinicius, SESC/Camaquã.
 Agrael de Jesus

Manhã do dia 10, ainda em Pelotas, temperatura gostosa, fechar as malas e partir para Camaquã, viagem tranquila como sempre, uma paradinha na Casa das Pimentas, muitas delícias: doces, geleias, pimentas, mudas de morangos.....e eu sem espaço na bagagem. Chegando em Camaquã, direto pro almoço que por sinal, mais uma vez o nosso Anjo da estrada, o seu Carlos, acertou de cheio. Comida deliciosa, saladas variadas. Hotel, repouso, ida pro teatro. Espaço lindo, maravilhoso, super bem cuidado, acústica perfeita. O espetáculo foi bom. Intenso por assim dizer, e como foi intenso. Pontadas de dores abdominais, mas tive que manter o controle, se bem que em alguns segundos era tão intensas que me desconcentrava. O espetáculo fluiu. Casa cheia literalmente. Bate papo engrandecedor. Dessa vez com  a presenca da nossa equipe Técnica: Senhor Leite e do nosso Diretor, produtor Senhor Santos. Última aprentação do Circuito e do Palco Giratório. Gratidão a Deus e a todos da equipe: Chicão, Edmar, Amanara, Zaine e Flávia. Vocês não tem noção do quanto aprendi com todos você. A vida é assim: aprendizagem sempre e constante. Obrigada por tudo. Enquanto vida tiver jamais esquecerei essa minha festa de 60 anos, que ainda não terminou. E vamos nós.

Edmar Leite

•Dia 1 - Manhã fria, partindo para Camaquã, na estrada tranquila passando por aquelas paisagens de filme, pedágios, enfim... Hoje é correria, viagem, montagem e apresentação mais tarde. Chegada na cidade, muitos paralelepípedos. Chegada tranquila nessa cidade charmosa, Almoço, um breve intervalo e partiu montagem. Que beleza de lugar, um teatro tão bonito, organizado e bem equipado. Lugar maravilhoso pra fechar esse palco com chave de ouro. Montagem rápida e tranquila, graças aos esforços dos técnicos Marco e Marcos (dupla sertaneja quase). Refletores e mesa de altíssima qualidade. Apresentação boa, ritmada e forte.. Público bom e enérgico. Casa cheia. Bate papo interessante e realizado com todo público presente. Desmontagem e embalamentos tranquilos. Seu Carlos sempre dando uma força nessas horas. É chegado o fim da circulação pelo Palco Giratório 2018, feliz de ter feito parte dessa grande empreitada, ainda mais nesses tempos sombrios, projeto que é hoje o único de nível nacional e que nos permite levar nosso trabalho para os diversos cantos desse país continental.. Foram muitas cidades, sonoridades, sabores (doces ou amargos), pessoas novas, trocas, contatos, possibilidades, novidades, aprendizados, espaços diversos e adversos, equipamentos e procedimentos que eu não conhecia. Sou grato e feliz por ter conseguido aproveitar da melhor forma possível toda essa experiência. Voltar pra casa melhor do que quando saí! Gratidão por ser parte do grupo O Imaginário - RO (pela paciência e parceria), pelo Sesc por realizar esse grande projeto que é o Palco Giratório, pelo apoio que sempre tive da minha família (especialmente da minha mãe) e dos amigos. E que venham os próximos projetos. Até breve!!!

Zaine Diniz

Eis que chegamos a última cidade do circuito, do Projeto Palco Giratório e um misto de emoções, sensações e vibrações em mim que chega a me assustar. Feliz demais por fazer mais um palco giratório (circulei o primeiro em 2010 e sobrevivi à distância, ao tempo longe de  casa, aos egos inflamados que só servem para estragar o coletivo... e a maioria do elenco daquele palco está lá hoje em Pvh, somente com seus egos, e com títulos de ex PG ex...) me lembra ex bbb. Me sinto privilegiada e vitoriosa por circular e fazer meu trabalho com dignidade  profissionalismo e maturidade para não deixar me influenciar por energias negativas e destrutivas que encontramos no decorrer desse circuito. 25 anos de trabalho na arte me deu essa serenidade e sabedoria para poder lidar com todas essas especificidades do percurso. Apresentação “derradeira” foi no teatro do sesc local, e pense em um teatro moderno, lindo, limpo, agradável, acústica perfeita, acessibilidade e generosidade dos técnicos, em cada detalhe. Me senti forte e plena, e a cena aconteceu também forte, plateia cheia de estudantes, jovens inquietos no início e depois silêncio absurdo. No bate papo, a maioria ficou e desta vez nosso diretor Chicão Santos falou com a propriedade de quem fez a obra acontecer, sem rodeios, direto, objetivo e preciso na sua fala sem adelongas por vezes desnecessárias. Assim deveria ser em todos os bate papos. Enfim, foi necessário passar por todas essas provas para que possamos nos fortalecer como coletivo de teatro, que quer melhoras para a cena e para o cenário cultural do país. E agora, partir POA/GRH/PVH  tomar muuuuuiito açaí e dentro de 15 dias partir para outra jornada, desta vez na nossa kombi “la Poderosa”. Obrigada meninas e meninos do O Imaginário pela convivência e quero dizer que essa nossa troca foi muito valiosa! Só conhecemos um pouquinho do outro quando estamos juntos, comendo da mesma comida  e no nosso caso, dividindo o mesmo palco. Obrigado ao DN Sesc Nacional, obrigada Andressa Sesc RO pela confiança e empenho na defesa do nosso trabalho. Vida longa ao Palco Giratório!! EVOÉ!

Amanara Brandão

E chegamos ao fim desse projeto intenso e imenso que é o Palco Giratório! Gostinho de missão cumprida vem tomando conta... É bonito chegar aqui e perceber a transformação pela qual passamos no decorrer desse ano girando pelos palcos, salas e quadras do Brasil; transformação pessoal e coletiva, que se reflete no trabalho. O Teatro do Sesc Camaquã foi um presente pra encerrar com chave de ouro, local e equipe incríveis, tudo "cheirando" a cuidado e boa vontade. A turma de jovens que foram nos assistir também foi um presente, aproveitando que estão receptivos para novas visões de mundo. Teatro quase lotado, vozes rebeldes e revolucionárias ecoando... Me sinto mais forte como alma, ser humano, mulher, artista; cada lugar e pessoa com a qual encontramos nesse trajeto é especial e essencial. Grata ao grupo O Imaginário e ao Sesc Cultura. Já que, como indivíduos, somos universos com infinito potencial, isso muda o mundo mesmo! Vida longa ao Palco Giratório! Nesse ano de incertezas, posso dizer que fiz a melhor coisa que poderia estar fazendo; sendo resistência através da poética, em cena.

Flávia Diniz

Mais um ciclo que se conclui. Mais um projeto concluído com sucesso. O sentimento é de gratidão, e a saudade que fica da correria, conversas, apresentações, de tudo! Vou sentir saudade até do frio do RS. Foi importante esse projeto para todxs nós, crescemos muito. Chegamos em Camaquã ontem e já fomos nos preparar para a apresentação. Que delicia de correria. Teatro do Sesc é tudo tão organizado, as pessoas que trabalham no local, generosas. Apresentação foi muito boa! Muitas pessoas ficaram para o bate-papo. Tudo maravilhoso! Gratidão pelas minhas companheiras de trabalho, Amanara, Agrael e Zaine. Foi muito divertido dividir o palco com vocês. Aprendi muito! Continuo aprendendo. Jamais se esquecer do Chicão Santos que é um grande produtor, muito agradecida por todas as conversas. Ed, nosso grande iluminador, que sempre dava as dicas para eu estar dentro da luz (risos). Enfim, termino esse projeto com uma imensa gratidão. E vamos botar a gira para girar. Que venham mais projetos! VIDA LONGA AO PALCO GIRATÓRIO! E MUITA RESISTÊNCIA!
























quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Diário de bordo – Pelotas RS de 08 a 10 de outubro de 2018




Chicão Santos
A Van/Carlos já estava como de costume encostado próximo ao hotel para nossa partida para Pelotas. Exatamente os relógios/celulares já marcavam 10 horas, para percorrer 292 km pela Br 282, com um percurso de aproximadamente 4 horas de translado. E muito próximo das 15 horas já estávamos instalados no hotel, na principal avenida da cidade de Pelotas, um verdadeiro formigueiro humano. Uma caminhada pelo centro histórico e aproveitando para fazer uma visita/tour no Mercado Central, um lugar cheio de memórias e histórias. Depois mais tarde retornar para assistir um show de uma artista local. Dia 09/10 as 9 horas partimos para a montagem no Auditório da IFSUL, praça 20 de Setembro. Partimos, Eu e o Edmar, debaixo de uma chuva fria e um vento que assoviava muito, pude sentir ainda no apartamento do hotel. Chegamos e ali um GRID já ganhava forma, passada as orientações e com o acompanhamento do Edmar. Parti para a montagem do cenário acompanhada de nossa técnica do SESC, Adriana, conversa sobre produção, história dos grupos da cidade e quando vi já estava tudo montado. Aproveitamos afinar as luzes e partimos para o almoço/hotel. Nosso retorno junto com as atrizes previsto para as 18 horas. Conversei com o Lucas nosso produtor/anjo do SESC, definindo alguns itens da produção local. A noite já estava caindo e no Auditório tudo pronto para o inicio de mais uma e a penúltima apresentação neste Palco que Gira. Finalmente o Lucas/nosso produtor apareceu não que não tinha resolvido todas as demandas, pois é muito atencioso e super profissional. A apresentação foi para uma plateia pequena, mas bastante participativa, com alunos/professores de teatro. O debate foi acontecendo e as desmontagem da mesma forma. Já por volta das 22 horas já estávamos no hotel para um descanso e dia seguinte partir para nossa última em Camuquã - RS. Dia 10/10, as 10 horas, cheio de 10, partimos para Camuquã. Lá vamos nós.

Via facebook.
“Esse espetáculo é toda a cara de Rondônia. É lindo!! Recomendo muito. Compareçam (se puderem) e sintam meu abraço”. Ileziane Buendía.

“Já que estamos falando tanto do nosso país e do futuro - sombrio - dele, vou fazer um desabafo aqui. Dia 7/10 eu comprei minhas passagens pro Brasil. Dia 8/10 eu acordei e vi o resultado das eleições. Vou ficar 3 meses no Brasil. A última vez que fui foi em Dez 2017, por um mês, o que foi bom, mas corrido pra visitar toda a família e amigos. Não descansei nada. Voltei pra Irlanda e poucas semanas depois já estava cansada de novo. Agora, 3 meses de "férias" (aka sem emprego... Pois pedi demissão do meu emprego aqui, justamente pq estava precisando desse tempo pra descansar, pra ficar com a minha familia). Eu devia estar feliz. Até consegui a passagem bem barata, com escala nos EUA como eu queria (vou poder passear por lá na ida e na volta). Só que eu não to Feliz. Tudo que sinto é uma angústia, uma incredulidade. Agora esses 3 meses me parecem muito tempo. Pra ficar num país que eu não reconheço mais como o meu lugar no mundo. Isso pq eu não sou gay, não sou negra, imagina se fosse? Como eu ia voltar Feliz pro "meu país" sabendo Como as coisas estao (e vão piorar), sabendo que meu povo defende de boca cheia o Hitler tupiniquim? Vc sinceramente acha que violencia e armas (que só ricos vão ter, by the way) vão resolver todos os problemas do Brasil, que comecaram la quando os Portugues chegaram violentando a nossa terra? Educacao, arte, cultura, empatia e amor ao próximo. É isso que muda o mundo pra melhor. E NADA disso voces vão ter. Eu ja não me sentia segura no Brasil ha anos - foi por isso que decidi ir embora. Nunca achei que as coisas realmente iam melhorar nas próximas decadas pq politico só quer roubar o povo ano após ano. Só tenho uma vida e vou vive-la em un lugar onde eu me sinto bem e não sofro todos os dias com os problemas do país, foi o que eu pensei uns anos atrás. Mas agora, alem disso, também não sinto mais que ele é a minha casa, o meu povo, onde eu posso voltar sempre que precisar. Eu me recuso a fazer parte dessa sociedade e me recuso a conviver com pessoas que apoiam esse tipo de coisa. Talvez vc ache que eu não tenho direito de opinar pq eu nem Moro mais aí. Mas eu penso que, justamente por conhecer outros cantos do mundo, por viver anos em um país onde as coisas funcionam e eu me sinto segura, eu posso opinar pq conheco os dois lados. Por saber que existem coisas melhores, eu não aceito coisa ruim. Sinto muito pelas pessoas que eu amo que vão continuar aí. Se dependesse de mim até a minha cachorra eu trazia pra cá. Mas quem precisar de ajudar sobre morar fora, se vc esta so precisando de um empurrao pra tomar coragem e se aventurar, fique a vontade pra me mandar uma mensagem.
                                                 Bethânia Diniz Hidalgo - Irlanda


“É uma grande e triste realidade, querida. Pense que vc tem uma família de resistência e que vai lutar com muita arte, com muito teatro... seguindo na contramão desse louvor à barbárie e a boçalidade que vemos tomar as ruas, a cabeça e o coração do povo brasileiro.”

                                                Mariana Arruda – MG


Trouxe esse texto da Bethânia, acompanhado dos comentários da Mariana para externar aqui esse sentimento que acredito ser da grande maioria das pessoas de bem deste País/Brasil que vem ao longo dos tempos, desde 2016, perdendo suas conquistas/políticas públicas asseguradas as “minorias”, a diversidade desse imenso território brasileiro. Um desabafo de uma jovem que mesmo distante não perdeu as suas origens e suas preocupações com o futuro. Agradeço e enalteço a bravíssima coragem de se expor e criar as conexões com o futuro/Brasil.


Agrael de Jesus

Viagem tranquila de Santa Maria a Pelotas, com uma paradinha básica para almoço num restaurante a beira da estrada, lugar gostoso, aconchegante, comida boa e com opção de compras, tudo isso proporcionado pela indicação do Seu Carlos, nosso Motorista e Anjo da guarda. Chegamos em  Pelotas, temperatura amena, mais pra frio no meu sentir. Breve descanso no hotel, a típica saidinha pra conhecer o arredor do hotel, a noite visitar o Mercado Central. Dia seguinte amanheceu com chuva. Frio e chuva fina. Iniciar a organização para a apresentação da noite. Almoço no hotel, tarde tranquila. As 18 HS saímos do hotel para o local da apresentação, Auditório do IFSUL, espaço bacana. Meu primeiro aquecimento foi bater o palco que estava cheio de papel laminado picado e um tipo de pó de madeira (Segundo informações na noite anterior teve formatura), além de muitos grampinhos e taxas de metal. Tínhamos que limpar o palco, muito bem limpo, pois como apresentamos descalças poderíamos sofrer algum acidente. Suamos muito pra deixar tudo a contento. Mas valeu a pena. Espetáculo maravilhoso, público atento, bate papo gostoso. Como sempre os mesmos questionamentos do fazer teatral. Um dos questionamentos foi o como cada uma de nós enveredamos pelo meio teatral. Quando da minha vez de falar fui surpreendida por uma senhora que disse, que a minha história era igual a dela. Outro rapaz, ao final do debate, veio me abraçar e falou que eu era uma inspiração para ele. Esses comentários muito me orgulha. Não é vaidade. É orgulho puro. Pois eu me orgulho da minha história de vida. E também serve de inspiração para procurar sempre melhorar mais e mais no que faço ou que venha a fazer. Mais uma vez, após o espetáculo fui surpreendida com a notícia da morte repentina de uma colega de trabalho, a papiloscopista policial Jorzileth Mercado Freitas Loiola, isso me entristece, mas não me amifina. Os caminhos de Deus são traçados, não nos cabe discutir. A vida segue seu curso. Todos nós temos o nosso tempo na terra antes de fazer nossa passagem. Agora descansar, amanhã cedo partir para Camaquã, última cidade desse circuito. Agradecida a Deus por tudo o que me proporcionou até agora, através dos seus filhos aqui na terra. Bençãos sobre nós. Camaquã estamos chegando.

Edmar Leite

•Dia 1 - A temperatura cai de novo. Um tanto mais animado hoje! Aniversário de madrecita, queria estar presente ao lado dela, mas feliz por saber que posso contar com o apoio dela em minha empreitada. Conseguindo resolver cedo coisas de banco. Partida no meio da manhã, próximo destino é Pelotas. Mais paisagens épicas, campos, fragmentos florestais, rios, serras, montanhas.. Viagem boa. Reconhecendo os arredores, caminhada, mais frio. Descanso, amanhã é dia..
•Dia 2 - Manhã fria e chuvosa. Montagem. Espaço adaptado, auditório do IFSul. Empresa contratada de luz e som foi eficiente. Montagem rápida e tranquila. Aproveitando a tarde livre pra colocar leituras e escrita em dia. Apresentação forte, intensa, ritmada, muito boa. O público participou em sua grande maioria do bate papo. Desmontagem tranquila. Reencontro com a Natália, amiga da época da faculdade de biologia, que veio estudar cinema pra cá! Preparação para o próximo destino, última cidade desse último circuito do Palco Giratório 2018... Pelotas é lugar muito bonito e grande, gostei bastante do pouco que conheci.

Zaine Diniz

Logo ao chegar, senti o clima diferente e convidativo a uma boa caminhada (toda registrado pelo Strava) adorei esse app. Que deliciam de Mercado Central cheio de guloseimas, bons vinhos e lindíssimos artesanatos. A noite voltamos para ver um show e jantar uns petiscos, acompanhado de boa conversa. Dia seguinte de frio e chuva, nada que me impedisse de andar pelas ruas e comércio, pois não sou de açúcar. A noite a apresentação foi num palco atípico de todos que já apresentamos. Lugar grandioso, mas bem sem manutenção, cheirava coisa sem cuidados, uma pena. Fizemos a limpeza do palco e nos preparamos para entrar em cena e o espetáculo pegou no tranco depois da cena da dança Literalmente. Parecia meio arrastado, estranho, mas enfim aconteceu e foi bem recebido aos poucos da plateia que foram generosos e tocados pelo nosso trabalho, e ficaram para o bate papo, onde demoram a falar suas impressões, mas quando começa... Não querem parar. Normal, em se tratando de uma temática tão forte e tão presente nesses dias sombrios no qual nos preparamos para mudança de governo, onde muitos medos nos cercam. Me atento sempre as questões mais técnicas, deixo as demais falarem sobre questões mais íntimas de cada uma, pois tudo se reverbera e precisamos aproveitar bem o momento falando da nossa experiência de vida, de palco e mais ainda, de ouvir as pessoas da plateia para que possamos fazer nossa reflexão , sem surtar, pois somos atrizes e temos equilíbrio para levar um trabalho como esse. Depois, voltar ao hotel e descansar o corpo (que já não tem mais 20 anos há muito tempo) e seguir viagem. Próxima e última apresentação: Camaquã!

Amanara Brandão

E seguimos pela estrada, na van guiada pelo senhor Carlos (pessoa tão tranquila e divertida, que tem nos levado de forma atenciosa e prestativa nessa última etapa do Palco Giratório).
Chegada na tarde do dia 8, a vontade de conhecer o lugar porém o corpo pede descanso, permitindo apenas uma breve caminhada nas imediações do hotel. Dia 9, terça-feira, apresentação no auditório do Instituto Federal IFSUL. Chicão e Edmar montaram a luz logo pela manhã e no fim da tarde chegamos limpando o palco, para mais uma apresentação. Esse momento de limpeza gastou do tempo que usaríamos para concentrar e aquecer, não me importo em fazer a limpeza, porém senti falta desses minutos para o processo de aquecimento. Auditório com 1/3 de sua capacidade de lotação, com olhares curiosos e que nos acompanharam do começo ao fim. Bate-papo pós apresentação foi de retorno do público emocionado, a fim de saber mais de nosso processo de pesquisa do espetáculo e principalmente a pesquisa pessoal, da nossa experiência como mulheres falando de  mulheres, que obviamente todas essas questões nos atravessam. Foi, inevitavelmente, momento também para a reflexão do atual momento pelo qual passamos como país, e nos questionarmos: o que estamos fazendo para colaborar com a realidade a qual acreditamos?

Flávia Diniz
Viagem tranquila e rápida, assim como nossa passagem por aqui. Final de tarde, clima ameno. Dia seguinte. Dia de apresentação. Manhã chuvosa. Horas depois, nossa partida para o teatro. Acho interessante o trabalho coletivo. Uma ajuda a outra e assim será nessa caminhada, nesse tempo de ódio, onde as pessoas estão surtando. O espetáculo fluiu. Bate-papo muito bom. As pessoas ficaram impactadas com a mensagem. A arte mais uma vez cumpriu uma missão, de tocar as pessoas. De as fazerem refletir. Organizar as malas e partir para Camaquã.











































segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Diário de bordo – Santa Maria RS de 05 a 08 de outubro de 2018





Chicão Santos


Neste dia 05/10, pela manhã antes da partida uma rápida reunião para afinar nossas futuras ações neste Palco que Gira, na recepção do hotel. Uns instantes de conversas e de gerenciamento de nossas relações pessoais, que sai às vezes do rumo que traçamos nesta/para a caminhada pelo Brasil. Energias destoante e instável. Tudo aparentemente conversado e colocado no lugar e seguimos adiante por esse Rio Grande do Sul. Ainda não passava do meio dia e seguimos para Santa Maria, aproximadamente 230 km, na VAN/Carlos. Almoçamos em Santa Bárbara do sul, metade do caminho. E já era hora de avistar os montes e os prédios da cidade de Santa Maria. Uma pequena dificuldade para chegar até o Hotel/Dom Rafael, mas enfim tudo certo e em Casa/hotel. Fiz um contato com nossa produtora/SESC Fábrica e estabelecemos os horários de montagem no dia seguinte e ainda sobrou tempo para fazer produção e fazer umas publicações nas redes sociais. Em seguida uma caminhada pela principal rua comercial (Rio Branco) da cidade e fomos até os pontos comerciais e depois uma passada pela Igreja Matriz e finalizando com uma passagem pelo Supermercado. Descanso e se preparar para o dia seguinte. Com um clima agradável num pós-café, partimos para a montagem da luz/som/cenário no belíssimo Teatro Treze de Maio, na Praça Saldanha Marinho. Tudo muito rápido, com os técnicos/amigos: Betho (som/palco), Guingo (som) e o Luís (amigo do Geovane Berno, que é daqui de Sta Maria), as 12h20 já estávamos partindo para o hotel/almoço. Às 17 horas partimos novamente para o Teatro Treze de Maio, junto com as atrizes para cumprir mais essa função/apresentação, antes do dia das eleições gerais no Brasil. A apresentação foi super tranquila, num palco com proximidade da plateia com friso, em forma de ferradura. Um público pequeno que foi orientado a ocupar a parte de baixo, composta de artistas, alunos de teatro. O debate suscitou os temas que a peça propõe e foi acalorado pelas atrizes e as mulheres da plateia. A desmontagem ocorreu na mesma velocidade. Tudo empacotado e na VAN e fomos ao hotel e depois num encontro para jantar com nossa Produtora local/Fábricia. No dia 07, pela manhã fui até o que restou da Boate Kiss, fiz alguns registros e depois fui até a Catedral acompanhei a celebração e fiz uma oração pelas vitimas/familiares da Boate Kiss. Foi muito carregado de energia, fiquei muito sensível e emocionado. Pois naquela calçada há um registro de energia/memória muito presente e intensa. Que Deus ilumine cada alma/energia para que percorra as suas caminhadas no “circo etéreo”. Muito triste tudo ali. Senti as imagens e os sofrimentos de cada jovem e de cada família. Já no meio do dia, fomos justificar o voto, pois estamos fora de nosso domicilio eleitoral, após isso, vamos almoçar e o restante do dia livre para acompanhar os resultados das eleições. Dia 08, partimos para Pelotas, nossa penúltima cidade deste circuito pelo Rio Grande do Sul e deste Palco Giratório 2018.

Agrael de Jesus

Conhecer Santa Maria era uma vontade minha desde o acidente da Boite Kiss, sentia a necessidade de, junto aos escombros, rezar e pedir a Deus por aquelas almas ceifadas brutalmente. Conversar com as pessoas sobre o ocorrido e tentar entender um pouco tudo o que aconteceu. Emoção foi grande, quando na tarde do mesmos dia em que cheguei na cidade, como de costume, fui dar um rolê pelas redondezas do hotel, indo até a praça onde também está o teatro, conheci pessoas maravilhosas como a Dona Rulh diretora do teatro e a dona Cleuza, bióloga, amiga do teatro, e que nos deu uma verdadeira aula de história da cidade. Falou-nos sobre a Vila Belga, a ferrovia, quarta Colônia e a Boite Kiss, indicando o endereço que fica bem perto do hotel. Não consigo descrever a sensação, emoção, sentimento de desolação, só sei que foi uma coisa ruim. Limitei-me, em breves palavras, fazer uma oração a Deus. Num passeio pela Villa Belga me senti em Porto Velho, na Vila Ferroviária, perto dos galpões da EFMM.  Voltando para o hotel, a notícia de que minha sogra não estava bem e que se encontrava internada. O dia todo na expectativa da apresentação a noite e preocupada com o estado de saúde da sogra. O dever e a responsabilidade em primeiro lugar. Subi no palco, momentos finais de aquecimento, poucos minutos para entrar em cena, um mal estar repentino, dor no braço direito que me fez levanta-lo. Me veio à mente minha sogra, até comentei com a Zaine: Acho que minha sogra faleceu. Desliguei do mundo e dos problemas, foquei no trabalho. Apresentação maravilhosa, na platéia dona Cleuza e sua filha, dona Ruth, a Fabrícia nossa produtora local,  a Raquel, professora universitária. E tantas outras figuras ilustres que nos prestigiaram. O bate papo pós espetáculo foi show. Histórias que se repetem. E o papo durou mais que os 20 minutos propostos, como sempre. De volta ao camarim, e olhando no celular, o recado que me comunicava do falecimento da minha sogra. Agora ir para o hotel, preparar psicologicamente para as eleições do dia seguinte ( vou só justificar), e isso eu fiz no domingo, dia 7, pela manhã. Sair para o almoço com o grupo, voltar para o hotel e arrumar as bagagens para partir para nova missão: Pelotas nos aguarda. De Santa Maria levarei muitas lembranças de pessoas e lugares que conheci e de que, foi nessa cidade que eu estava quando minha sogra desencarnou. Deus no comando sempre. E a vida que segue.

Edmar Leite

•Dia 1 - Dia de pegar a estrada. Santa Maria o próximo destino. Viagem tranquila mas com alguns solavancos. Temperatura variante do frio forte, ilhas de calor e mais frio. Esses campos enormes e fragmentos de árvores homogêneas remetem a lembranças de filmes épicos, grandes batalhas, jornadas longas e calmaria. Chegando e dando uma volta na cidade. Descanso e preparar para a apresentação de amanhã.
•Dia 2 - Amanhecendo bem frio, me gusta mucho! Teatro bonito, aconchegante, caprichado e organizado. Sua construção foi possível através dos esforços de uma associação! Montagem ocorreu em tempo record, graças a maestria do Luís da iluminação. Uma pausa antes da apresentação.  Fomos muito bem recebidos. Espetáculo foi ótimo, forte, intenso, objetivo. Bate papo bom. Desmontagem tranquila. Descanso e um pouco de aflição devido as eleições se amanhã.

•Dia 3 - O dia amanhece mais quente, um dia sombrio, preocupante, o futuro do país em jogo.. Infelizmente não consegui votar, tive que ir justificar. No caminho de volta do almoço, depois de tentar resolver coisas de banco, acabei de alguma forma sendo atraído a passar em frente ao local da fatídica boate Kiss... Clima pesado no ar, calafrios, temperatura alta que surge e esvai do nada.. uma oração, e seguindo caminho. Aguardando os resultados da eleição no hotel. Depois na expectativa com as meninas, conversas descontraídas pra espantar o temor.. Um tanto desapontado com a nação. Porém ainda há esperança... Preparação para a próxima cidade. Que a força esteja conosco.

Zaine Diniz

Mais uma cidade do RS, essa em especial pois é terra que ficou famosa principalmente por causa de uma tragédia, onde tantos jovens morreram, em uma casa noturna. Enfim, não tem como não se como er ao passar em frente das ruínas,  paredes pretas pelo fogo, só me resta rezar por essas almas e agradecer pela vida.Dia que antecede o que também poderia ser uma tragedies para o nosso país , mas independente do resultado já perdemos pois 49% da população prefere um “coiso” como presidente, mas enfim  temos chance ainda pois teremos segundo turno, e sou resistência até o fim. A nossa apresentação no teatro 13 de Maio foi muito cheia de energia, voz, corpos atuantes, dando voz mais uma vez a mulheres que se calaram no início do século passado, e como essas histórias se reverberam! O bate papo foi caloroso, a maioria do público ficou para trocar conosco sobre esse tema tão necessário: gênero e violência contra as mulheres. Depois da apresentação, saborear o buffet do camarim tão cheio de delícias, nesse teatro tão lindo administrado por dona Ruthe, uma senhora competente na sua função, que me deixou encantada com tudo. Para terminar a noite, jantar com Fabricia, a técnica do sesc que nos recebeu, o de pudemos trocar um pouco mais sobre esse projeto tão maravilhoso que é o palco giratório. Muito grata SESC RS. E palco que segue a girar.

Amanara Brandão

Momento de tensão e horror em perceber um país que revela o que tem de mais podre. Na região que mais votou a favor do racismo, misoginia, homofobia e intolerância. Meu corpo de mulher, negra, de origem pobre e lgbt circula, pelas ruas e espaços privilegiados desse Sul! Olhares atravessados só alimentam minha certeza de estar no caminho certo da resistência.
Sábado, no Theatro 13 de Maio, em Santa Maria, deixamos nosso "recado", nossa vozes ecoaram, a turma de teatro da UFSM foi em peso nos assistir e conversar sobre o tema. A recepção no Theatro foi linda, estou agradecida com tamanho acolhimento e bom tratamento.
O domingo foi dia livre, eleição, lá vamos nós justificar o voto (uma pena, pois eu gostaria de estar votando contra esse absurdo que se alastra no país, feito doença). Passei o dia inteiro sob álcool, coisa que nunca havia feito, um indício do quanto estou preocupada com tudo o que vejo e ouço. Álcool pra anestesiar. Mas não adianta. Segunda-feira amanheci triste, e alimentada a CONTINUAR. Estou viva e na ativa. Estamos VIVAS E NA ATIVA.

Flávia Diniz

chegando à tarde, clima ameno. Uma voltinha pela cidade. Na verdade, interior com o movimento, pegada de capital. Uma visita ao teatro Treze de Maio, conhecendo uma figura, dona Creuza. Que maravilha, nos contou um pouco da história de Santa Maria. Tem uma memória incrível! Dia seguinte, dia de apresentação. Teatro Treze de Maio, é maravilhoso! muito organizado. Lembra um pouco o teatro de João Pessoa. Todos os técnicos, as pessoas que trabalham para que o teatro aconteça, todas e todos estão de parabéns! Senti uma energia muito boa entre nós, no palco. E do público também. O bate-papo quase teve a duração do espetáculo. Muitas trocas maravilhosas. Bate-papo foi tenso, era véspera de eleição. Todas preocupadas. Dia seguinte, dia livre. (eu acho) Pois estava aflita com as eleições. Dia de “justificar” voto. 


















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