quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Diário de bordo – Pelotas RS de 08 a 10 de outubro de 2018




Chicão Santos
A Van/Carlos já estava como de costume encostado próximo ao hotel para nossa partida para Pelotas. Exatamente os relógios/celulares já marcavam 10 horas, para percorrer 292 km pela Br 282, com um percurso de aproximadamente 4 horas de translado. E muito próximo das 15 horas já estávamos instalados no hotel, na principal avenida da cidade de Pelotas, um verdadeiro formigueiro humano. Uma caminhada pelo centro histórico e aproveitando para fazer uma visita/tour no Mercado Central, um lugar cheio de memórias e histórias. Depois mais tarde retornar para assistir um show de uma artista local. Dia 09/10 as 9 horas partimos para a montagem no Auditório da IFSUL, praça 20 de Setembro. Partimos, Eu e o Edmar, debaixo de uma chuva fria e um vento que assoviava muito, pude sentir ainda no apartamento do hotel. Chegamos e ali um GRID já ganhava forma, passada as orientações e com o acompanhamento do Edmar. Parti para a montagem do cenário acompanhada de nossa técnica do SESC, Adriana, conversa sobre produção, história dos grupos da cidade e quando vi já estava tudo montado. Aproveitamos afinar as luzes e partimos para o almoço/hotel. Nosso retorno junto com as atrizes previsto para as 18 horas. Conversei com o Lucas nosso produtor/anjo do SESC, definindo alguns itens da produção local. A noite já estava caindo e no Auditório tudo pronto para o inicio de mais uma e a penúltima apresentação neste Palco que Gira. Finalmente o Lucas/nosso produtor apareceu não que não tinha resolvido todas as demandas, pois é muito atencioso e super profissional. A apresentação foi para uma plateia pequena, mas bastante participativa, com alunos/professores de teatro. O debate foi acontecendo e as desmontagem da mesma forma. Já por volta das 22 horas já estávamos no hotel para um descanso e dia seguinte partir para nossa última em Camuquã - RS. Dia 10/10, as 10 horas, cheio de 10, partimos para Camuquã. Lá vamos nós.

Via facebook.
“Esse espetáculo é toda a cara de Rondônia. É lindo!! Recomendo muito. Compareçam (se puderem) e sintam meu abraço”. Ileziane Buendía.

“Já que estamos falando tanto do nosso país e do futuro - sombrio - dele, vou fazer um desabafo aqui. Dia 7/10 eu comprei minhas passagens pro Brasil. Dia 8/10 eu acordei e vi o resultado das eleições. Vou ficar 3 meses no Brasil. A última vez que fui foi em Dez 2017, por um mês, o que foi bom, mas corrido pra visitar toda a família e amigos. Não descansei nada. Voltei pra Irlanda e poucas semanas depois já estava cansada de novo. Agora, 3 meses de "férias" (aka sem emprego... Pois pedi demissão do meu emprego aqui, justamente pq estava precisando desse tempo pra descansar, pra ficar com a minha familia). Eu devia estar feliz. Até consegui a passagem bem barata, com escala nos EUA como eu queria (vou poder passear por lá na ida e na volta). Só que eu não to Feliz. Tudo que sinto é uma angústia, uma incredulidade. Agora esses 3 meses me parecem muito tempo. Pra ficar num país que eu não reconheço mais como o meu lugar no mundo. Isso pq eu não sou gay, não sou negra, imagina se fosse? Como eu ia voltar Feliz pro "meu país" sabendo Como as coisas estao (e vão piorar), sabendo que meu povo defende de boca cheia o Hitler tupiniquim? Vc sinceramente acha que violencia e armas (que só ricos vão ter, by the way) vão resolver todos os problemas do Brasil, que comecaram la quando os Portugues chegaram violentando a nossa terra? Educacao, arte, cultura, empatia e amor ao próximo. É isso que muda o mundo pra melhor. E NADA disso voces vão ter. Eu ja não me sentia segura no Brasil ha anos - foi por isso que decidi ir embora. Nunca achei que as coisas realmente iam melhorar nas próximas decadas pq politico só quer roubar o povo ano após ano. Só tenho uma vida e vou vive-la em un lugar onde eu me sinto bem e não sofro todos os dias com os problemas do país, foi o que eu pensei uns anos atrás. Mas agora, alem disso, também não sinto mais que ele é a minha casa, o meu povo, onde eu posso voltar sempre que precisar. Eu me recuso a fazer parte dessa sociedade e me recuso a conviver com pessoas que apoiam esse tipo de coisa. Talvez vc ache que eu não tenho direito de opinar pq eu nem Moro mais aí. Mas eu penso que, justamente por conhecer outros cantos do mundo, por viver anos em um país onde as coisas funcionam e eu me sinto segura, eu posso opinar pq conheco os dois lados. Por saber que existem coisas melhores, eu não aceito coisa ruim. Sinto muito pelas pessoas que eu amo que vão continuar aí. Se dependesse de mim até a minha cachorra eu trazia pra cá. Mas quem precisar de ajudar sobre morar fora, se vc esta so precisando de um empurrao pra tomar coragem e se aventurar, fique a vontade pra me mandar uma mensagem.
                                                 Bethânia Diniz Hidalgo - Irlanda


“É uma grande e triste realidade, querida. Pense que vc tem uma família de resistência e que vai lutar com muita arte, com muito teatro... seguindo na contramão desse louvor à barbárie e a boçalidade que vemos tomar as ruas, a cabeça e o coração do povo brasileiro.”

                                                Mariana Arruda – MG


Trouxe esse texto da Bethânia, acompanhado dos comentários da Mariana para externar aqui esse sentimento que acredito ser da grande maioria das pessoas de bem deste País/Brasil que vem ao longo dos tempos, desde 2016, perdendo suas conquistas/políticas públicas asseguradas as “minorias”, a diversidade desse imenso território brasileiro. Um desabafo de uma jovem que mesmo distante não perdeu as suas origens e suas preocupações com o futuro. Agradeço e enalteço a bravíssima coragem de se expor e criar as conexões com o futuro/Brasil.


Agrael de Jesus

Viagem tranquila de Santa Maria a Pelotas, com uma paradinha básica para almoço num restaurante a beira da estrada, lugar gostoso, aconchegante, comida boa e com opção de compras, tudo isso proporcionado pela indicação do Seu Carlos, nosso Motorista e Anjo da guarda. Chegamos em  Pelotas, temperatura amena, mais pra frio no meu sentir. Breve descanso no hotel, a típica saidinha pra conhecer o arredor do hotel, a noite visitar o Mercado Central. Dia seguinte amanheceu com chuva. Frio e chuva fina. Iniciar a organização para a apresentação da noite. Almoço no hotel, tarde tranquila. As 18 HS saímos do hotel para o local da apresentação, Auditório do IFSUL, espaço bacana. Meu primeiro aquecimento foi bater o palco que estava cheio de papel laminado picado e um tipo de pó de madeira (Segundo informações na noite anterior teve formatura), além de muitos grampinhos e taxas de metal. Tínhamos que limpar o palco, muito bem limpo, pois como apresentamos descalças poderíamos sofrer algum acidente. Suamos muito pra deixar tudo a contento. Mas valeu a pena. Espetáculo maravilhoso, público atento, bate papo gostoso. Como sempre os mesmos questionamentos do fazer teatral. Um dos questionamentos foi o como cada uma de nós enveredamos pelo meio teatral. Quando da minha vez de falar fui surpreendida por uma senhora que disse, que a minha história era igual a dela. Outro rapaz, ao final do debate, veio me abraçar e falou que eu era uma inspiração para ele. Esses comentários muito me orgulha. Não é vaidade. É orgulho puro. Pois eu me orgulho da minha história de vida. E também serve de inspiração para procurar sempre melhorar mais e mais no que faço ou que venha a fazer. Mais uma vez, após o espetáculo fui surpreendida com a notícia da morte repentina de uma colega de trabalho, a papiloscopista policial Jorzileth Mercado Freitas Loiola, isso me entristece, mas não me amifina. Os caminhos de Deus são traçados, não nos cabe discutir. A vida segue seu curso. Todos nós temos o nosso tempo na terra antes de fazer nossa passagem. Agora descansar, amanhã cedo partir para Camaquã, última cidade desse circuito. Agradecida a Deus por tudo o que me proporcionou até agora, através dos seus filhos aqui na terra. Bençãos sobre nós. Camaquã estamos chegando.

Edmar Leite

•Dia 1 - A temperatura cai de novo. Um tanto mais animado hoje! Aniversário de madrecita, queria estar presente ao lado dela, mas feliz por saber que posso contar com o apoio dela em minha empreitada. Conseguindo resolver cedo coisas de banco. Partida no meio da manhã, próximo destino é Pelotas. Mais paisagens épicas, campos, fragmentos florestais, rios, serras, montanhas.. Viagem boa. Reconhecendo os arredores, caminhada, mais frio. Descanso, amanhã é dia..
•Dia 2 - Manhã fria e chuvosa. Montagem. Espaço adaptado, auditório do IFSul. Empresa contratada de luz e som foi eficiente. Montagem rápida e tranquila. Aproveitando a tarde livre pra colocar leituras e escrita em dia. Apresentação forte, intensa, ritmada, muito boa. O público participou em sua grande maioria do bate papo. Desmontagem tranquila. Reencontro com a Natália, amiga da época da faculdade de biologia, que veio estudar cinema pra cá! Preparação para o próximo destino, última cidade desse último circuito do Palco Giratório 2018... Pelotas é lugar muito bonito e grande, gostei bastante do pouco que conheci.

Zaine Diniz

Logo ao chegar, senti o clima diferente e convidativo a uma boa caminhada (toda registrado pelo Strava) adorei esse app. Que deliciam de Mercado Central cheio de guloseimas, bons vinhos e lindíssimos artesanatos. A noite voltamos para ver um show e jantar uns petiscos, acompanhado de boa conversa. Dia seguinte de frio e chuva, nada que me impedisse de andar pelas ruas e comércio, pois não sou de açúcar. A noite a apresentação foi num palco atípico de todos que já apresentamos. Lugar grandioso, mas bem sem manutenção, cheirava coisa sem cuidados, uma pena. Fizemos a limpeza do palco e nos preparamos para entrar em cena e o espetáculo pegou no tranco depois da cena da dança Literalmente. Parecia meio arrastado, estranho, mas enfim aconteceu e foi bem recebido aos poucos da plateia que foram generosos e tocados pelo nosso trabalho, e ficaram para o bate papo, onde demoram a falar suas impressões, mas quando começa... Não querem parar. Normal, em se tratando de uma temática tão forte e tão presente nesses dias sombrios no qual nos preparamos para mudança de governo, onde muitos medos nos cercam. Me atento sempre as questões mais técnicas, deixo as demais falarem sobre questões mais íntimas de cada uma, pois tudo se reverbera e precisamos aproveitar bem o momento falando da nossa experiência de vida, de palco e mais ainda, de ouvir as pessoas da plateia para que possamos fazer nossa reflexão , sem surtar, pois somos atrizes e temos equilíbrio para levar um trabalho como esse. Depois, voltar ao hotel e descansar o corpo (que já não tem mais 20 anos há muito tempo) e seguir viagem. Próxima e última apresentação: Camaquã!

Amanara Brandão

E seguimos pela estrada, na van guiada pelo senhor Carlos (pessoa tão tranquila e divertida, que tem nos levado de forma atenciosa e prestativa nessa última etapa do Palco Giratório).
Chegada na tarde do dia 8, a vontade de conhecer o lugar porém o corpo pede descanso, permitindo apenas uma breve caminhada nas imediações do hotel. Dia 9, terça-feira, apresentação no auditório do Instituto Federal IFSUL. Chicão e Edmar montaram a luz logo pela manhã e no fim da tarde chegamos limpando o palco, para mais uma apresentação. Esse momento de limpeza gastou do tempo que usaríamos para concentrar e aquecer, não me importo em fazer a limpeza, porém senti falta desses minutos para o processo de aquecimento. Auditório com 1/3 de sua capacidade de lotação, com olhares curiosos e que nos acompanharam do começo ao fim. Bate-papo pós apresentação foi de retorno do público emocionado, a fim de saber mais de nosso processo de pesquisa do espetáculo e principalmente a pesquisa pessoal, da nossa experiência como mulheres falando de  mulheres, que obviamente todas essas questões nos atravessam. Foi, inevitavelmente, momento também para a reflexão do atual momento pelo qual passamos como país, e nos questionarmos: o que estamos fazendo para colaborar com a realidade a qual acreditamos?

Flávia Diniz
Viagem tranquila e rápida, assim como nossa passagem por aqui. Final de tarde, clima ameno. Dia seguinte. Dia de apresentação. Manhã chuvosa. Horas depois, nossa partida para o teatro. Acho interessante o trabalho coletivo. Uma ajuda a outra e assim será nessa caminhada, nesse tempo de ódio, onde as pessoas estão surtando. O espetáculo fluiu. Bate-papo muito bom. As pessoas ficaram impactadas com a mensagem. A arte mais uma vez cumpriu uma missão, de tocar as pessoas. De as fazerem refletir. Organizar as malas e partir para Camaquã.











































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