segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Diário de bordo – Santa Maria RS de 05 a 08 de outubro de 2018





Chicão Santos


Neste dia 05/10, pela manhã antes da partida uma rápida reunião para afinar nossas futuras ações neste Palco que Gira, na recepção do hotel. Uns instantes de conversas e de gerenciamento de nossas relações pessoais, que sai às vezes do rumo que traçamos nesta/para a caminhada pelo Brasil. Energias destoante e instável. Tudo aparentemente conversado e colocado no lugar e seguimos adiante por esse Rio Grande do Sul. Ainda não passava do meio dia e seguimos para Santa Maria, aproximadamente 230 km, na VAN/Carlos. Almoçamos em Santa Bárbara do sul, metade do caminho. E já era hora de avistar os montes e os prédios da cidade de Santa Maria. Uma pequena dificuldade para chegar até o Hotel/Dom Rafael, mas enfim tudo certo e em Casa/hotel. Fiz um contato com nossa produtora/SESC Fábrica e estabelecemos os horários de montagem no dia seguinte e ainda sobrou tempo para fazer produção e fazer umas publicações nas redes sociais. Em seguida uma caminhada pela principal rua comercial (Rio Branco) da cidade e fomos até os pontos comerciais e depois uma passada pela Igreja Matriz e finalizando com uma passagem pelo Supermercado. Descanso e se preparar para o dia seguinte. Com um clima agradável num pós-café, partimos para a montagem da luz/som/cenário no belíssimo Teatro Treze de Maio, na Praça Saldanha Marinho. Tudo muito rápido, com os técnicos/amigos: Betho (som/palco), Guingo (som) e o Luís (amigo do Geovane Berno, que é daqui de Sta Maria), as 12h20 já estávamos partindo para o hotel/almoço. Às 17 horas partimos novamente para o Teatro Treze de Maio, junto com as atrizes para cumprir mais essa função/apresentação, antes do dia das eleições gerais no Brasil. A apresentação foi super tranquila, num palco com proximidade da plateia com friso, em forma de ferradura. Um público pequeno que foi orientado a ocupar a parte de baixo, composta de artistas, alunos de teatro. O debate suscitou os temas que a peça propõe e foi acalorado pelas atrizes e as mulheres da plateia. A desmontagem ocorreu na mesma velocidade. Tudo empacotado e na VAN e fomos ao hotel e depois num encontro para jantar com nossa Produtora local/Fábricia. No dia 07, pela manhã fui até o que restou da Boate Kiss, fiz alguns registros e depois fui até a Catedral acompanhei a celebração e fiz uma oração pelas vitimas/familiares da Boate Kiss. Foi muito carregado de energia, fiquei muito sensível e emocionado. Pois naquela calçada há um registro de energia/memória muito presente e intensa. Que Deus ilumine cada alma/energia para que percorra as suas caminhadas no “circo etéreo”. Muito triste tudo ali. Senti as imagens e os sofrimentos de cada jovem e de cada família. Já no meio do dia, fomos justificar o voto, pois estamos fora de nosso domicilio eleitoral, após isso, vamos almoçar e o restante do dia livre para acompanhar os resultados das eleições. Dia 08, partimos para Pelotas, nossa penúltima cidade deste circuito pelo Rio Grande do Sul e deste Palco Giratório 2018.

Agrael de Jesus

Conhecer Santa Maria era uma vontade minha desde o acidente da Boite Kiss, sentia a necessidade de, junto aos escombros, rezar e pedir a Deus por aquelas almas ceifadas brutalmente. Conversar com as pessoas sobre o ocorrido e tentar entender um pouco tudo o que aconteceu. Emoção foi grande, quando na tarde do mesmos dia em que cheguei na cidade, como de costume, fui dar um rolê pelas redondezas do hotel, indo até a praça onde também está o teatro, conheci pessoas maravilhosas como a Dona Rulh diretora do teatro e a dona Cleuza, bióloga, amiga do teatro, e que nos deu uma verdadeira aula de história da cidade. Falou-nos sobre a Vila Belga, a ferrovia, quarta Colônia e a Boite Kiss, indicando o endereço que fica bem perto do hotel. Não consigo descrever a sensação, emoção, sentimento de desolação, só sei que foi uma coisa ruim. Limitei-me, em breves palavras, fazer uma oração a Deus. Num passeio pela Villa Belga me senti em Porto Velho, na Vila Ferroviária, perto dos galpões da EFMM.  Voltando para o hotel, a notícia de que minha sogra não estava bem e que se encontrava internada. O dia todo na expectativa da apresentação a noite e preocupada com o estado de saúde da sogra. O dever e a responsabilidade em primeiro lugar. Subi no palco, momentos finais de aquecimento, poucos minutos para entrar em cena, um mal estar repentino, dor no braço direito que me fez levanta-lo. Me veio à mente minha sogra, até comentei com a Zaine: Acho que minha sogra faleceu. Desliguei do mundo e dos problemas, foquei no trabalho. Apresentação maravilhosa, na platéia dona Cleuza e sua filha, dona Ruth, a Fabrícia nossa produtora local,  a Raquel, professora universitária. E tantas outras figuras ilustres que nos prestigiaram. O bate papo pós espetáculo foi show. Histórias que se repetem. E o papo durou mais que os 20 minutos propostos, como sempre. De volta ao camarim, e olhando no celular, o recado que me comunicava do falecimento da minha sogra. Agora ir para o hotel, preparar psicologicamente para as eleições do dia seguinte ( vou só justificar), e isso eu fiz no domingo, dia 7, pela manhã. Sair para o almoço com o grupo, voltar para o hotel e arrumar as bagagens para partir para nova missão: Pelotas nos aguarda. De Santa Maria levarei muitas lembranças de pessoas e lugares que conheci e de que, foi nessa cidade que eu estava quando minha sogra desencarnou. Deus no comando sempre. E a vida que segue.

Edmar Leite

•Dia 1 - Dia de pegar a estrada. Santa Maria o próximo destino. Viagem tranquila mas com alguns solavancos. Temperatura variante do frio forte, ilhas de calor e mais frio. Esses campos enormes e fragmentos de árvores homogêneas remetem a lembranças de filmes épicos, grandes batalhas, jornadas longas e calmaria. Chegando e dando uma volta na cidade. Descanso e preparar para a apresentação de amanhã.
•Dia 2 - Amanhecendo bem frio, me gusta mucho! Teatro bonito, aconchegante, caprichado e organizado. Sua construção foi possível através dos esforços de uma associação! Montagem ocorreu em tempo record, graças a maestria do Luís da iluminação. Uma pausa antes da apresentação.  Fomos muito bem recebidos. Espetáculo foi ótimo, forte, intenso, objetivo. Bate papo bom. Desmontagem tranquila. Descanso e um pouco de aflição devido as eleições se amanhã.

•Dia 3 - O dia amanhece mais quente, um dia sombrio, preocupante, o futuro do país em jogo.. Infelizmente não consegui votar, tive que ir justificar. No caminho de volta do almoço, depois de tentar resolver coisas de banco, acabei de alguma forma sendo atraído a passar em frente ao local da fatídica boate Kiss... Clima pesado no ar, calafrios, temperatura alta que surge e esvai do nada.. uma oração, e seguindo caminho. Aguardando os resultados da eleição no hotel. Depois na expectativa com as meninas, conversas descontraídas pra espantar o temor.. Um tanto desapontado com a nação. Porém ainda há esperança... Preparação para a próxima cidade. Que a força esteja conosco.

Zaine Diniz

Mais uma cidade do RS, essa em especial pois é terra que ficou famosa principalmente por causa de uma tragédia, onde tantos jovens morreram, em uma casa noturna. Enfim, não tem como não se como er ao passar em frente das ruínas,  paredes pretas pelo fogo, só me resta rezar por essas almas e agradecer pela vida.Dia que antecede o que também poderia ser uma tragedies para o nosso país , mas independente do resultado já perdemos pois 49% da população prefere um “coiso” como presidente, mas enfim  temos chance ainda pois teremos segundo turno, e sou resistência até o fim. A nossa apresentação no teatro 13 de Maio foi muito cheia de energia, voz, corpos atuantes, dando voz mais uma vez a mulheres que se calaram no início do século passado, e como essas histórias se reverberam! O bate papo foi caloroso, a maioria do público ficou para trocar conosco sobre esse tema tão necessário: gênero e violência contra as mulheres. Depois da apresentação, saborear o buffet do camarim tão cheio de delícias, nesse teatro tão lindo administrado por dona Ruthe, uma senhora competente na sua função, que me deixou encantada com tudo. Para terminar a noite, jantar com Fabricia, a técnica do sesc que nos recebeu, o de pudemos trocar um pouco mais sobre esse projeto tão maravilhoso que é o palco giratório. Muito grata SESC RS. E palco que segue a girar.

Amanara Brandão

Momento de tensão e horror em perceber um país que revela o que tem de mais podre. Na região que mais votou a favor do racismo, misoginia, homofobia e intolerância. Meu corpo de mulher, negra, de origem pobre e lgbt circula, pelas ruas e espaços privilegiados desse Sul! Olhares atravessados só alimentam minha certeza de estar no caminho certo da resistência.
Sábado, no Theatro 13 de Maio, em Santa Maria, deixamos nosso "recado", nossa vozes ecoaram, a turma de teatro da UFSM foi em peso nos assistir e conversar sobre o tema. A recepção no Theatro foi linda, estou agradecida com tamanho acolhimento e bom tratamento.
O domingo foi dia livre, eleição, lá vamos nós justificar o voto (uma pena, pois eu gostaria de estar votando contra esse absurdo que se alastra no país, feito doença). Passei o dia inteiro sob álcool, coisa que nunca havia feito, um indício do quanto estou preocupada com tudo o que vejo e ouço. Álcool pra anestesiar. Mas não adianta. Segunda-feira amanheci triste, e alimentada a CONTINUAR. Estou viva e na ativa. Estamos VIVAS E NA ATIVA.

Flávia Diniz

chegando à tarde, clima ameno. Uma voltinha pela cidade. Na verdade, interior com o movimento, pegada de capital. Uma visita ao teatro Treze de Maio, conhecendo uma figura, dona Creuza. Que maravilha, nos contou um pouco da história de Santa Maria. Tem uma memória incrível! Dia seguinte, dia de apresentação. Teatro Treze de Maio, é maravilhoso! muito organizado. Lembra um pouco o teatro de João Pessoa. Todos os técnicos, as pessoas que trabalham para que o teatro aconteça, todas e todos estão de parabéns! Senti uma energia muito boa entre nós, no palco. E do público também. O bate-papo quase teve a duração do espetáculo. Muitas trocas maravilhosas. Bate-papo foi tenso, era véspera de eleição. Todas preocupadas. Dia seguinte, dia livre. (eu acho) Pois estava aflita com as eleições. Dia de “justificar” voto. 


















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