segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Diário de bordo – Nova Mamoré / RO – 11 a 13 de Setembro








Agrael de Jesus

Depois de 37 dias fora de casa, de Rondônia, voltamos pra terrinha, agora para fazer o interior de Rondônia. A primeira cidade será Nova Mamoré. Saída prevista para as 8:00hs do dia 11 de setembro. Imprevistos aconteceram e só saímos às 10:00hs. Eu sem ter tomado café da manhã (esperava tomar na estrada), fome devastadora. Jacy Paraná onde pretendia tomar meu café da manhã, foi o almoço. Daí saímos rumo à Nova Mamoré. Estrada ótima, só não contávamos com as obras de recuperação da BR 364, na Vila Velha Mutum. 15 onde trecho, só um carro passando de cada vez. Uma hora parados num sol de "tirar pica pau do oco". Mais 30 minutos pra atravessar 15 km. Aproveite para apreciar a bela paisagem, o Rio madeira caldaloso, magestoso e gigante  ladeando a BR, avisando ele está ali e a qualquer hora pode transbordar. Nas obras da BR homens e máquinas trabalham freneticamente a todo vapor. O trânsito de enormes caçambas carregadas de pedras, terra, seixo. Tratores e PCs espalhando pedras, terras em enormes taludes. Por fim chegamos  a Nova Mamoré. Deixar a mochila no quarto do hotel e dar uma volta pelos arredores. Fui até uma lojinha do outro lado da pista, voltei para a pracinha da Igreja Matriz. Clima agradável, vento forte e refrescante, refrigerando o corpo, alma e espírito. Ali o pessoal do SESC organisava o espaço  para a apresentação de logo mais à noite, o espetáculo Clake.  Uma chuvinha fina para amenizar mais ainda o clima. No lanchinho da praça, tomar um refresco natural da fruta. Tudo perfeito. Antes do espetáculo fomos ao churrasquinho do Suder. Atendimento cativante. Conhecer  o filhinho do meu sobrinho Tássio, sua esposa Gislaine e sua filha. Linda menina. O espetáculo foi um sucesso. Praça lotada, todos sentados em bancos cediados pela Igreja católica. Coisa de cidade do interior. Uns ajudando aos outros. Depois do espetáculo voltei ao churrasquinho para jantar. Hotel, descanso. Ninguém é de ferro. A viagem foi desgastante e cansativa, maratona mesmo, porém muito emocionante. Na quarta feira amanheceu o oposto da noite do dia anterior. Sol escaldante, clima sufocante, abafado: Jesus Maria Santíssima. Ir a lotérica, voltar para o quarto do hotel, não dá para ficar zanzando. Almoço uma saladinha de leve numa churrascaria perto do hotel, voltar ao hotel, tentar relaxar, dormir talvez. O sol lá fora de rachar. As 18 hs ir para o local da apresentação. O calor disse: Cheguei e vou ficar. Vou botar pra derreter. Nunca tinha sentido tanto calor na minha vida.  Apresentamos num local  denominado auditoria do ....mas que na verdade era um depósito de livros, aparelhos de ar condicionado e carteiras velhas, matérias de construção. Enquanto aguardava a plateia entrar e se acomodarem, eu já na grade imóvel, por um momento me imaginei sendo de cêra e derretendo, desfazendo-me por inteiro devido ao calor. Por cima da grade foi posto um refletor de led, segundo os técnicos de luz essas lâmpadas não esquentam, mas eu senti calor no meu cangote. Vi a hora do meu pescoço se deslocar do corpo e a cabeça cair. O espetáculo foi bom apesar do intenso calor e dos flases dos celulares apontando para o meu rosto: Jesus. Ao término, no bate papo, muitos apontamentos, questionamentos, confirmações de situações locais. Desmontar o cenário, organizar, embalar e acomodar no bagageiro do ônibus. Jantarzinho maravilhoso oferecido pelas cozinheiras do SEEJA. Hotel, descanso, partida logo cedo no dia seguinte. Viagem tranquila sem a necessidade de ficar parado. Chegada em Porto Velho, organizar figurino para a apresentação do dia seguinte e a malas para partir no dia seguinte após apresentação de Porto Velho. Tudo deu certo, graças à Deus. Obrigada Senhor!

Edmar Leite
•Dia 1 - Resolvendo a questão da identidade. Seminários do Palco. A mulher na cena. Festivais de Rondônia: Amazônia Encena na Rua (Pvh), Festin Açu (Gjr) e Festival Amazônico (Vlh). Conversa boa sobre a importância do reconhecimento do fazer teatral feminino, representatividade, equilibrar as coisas, sobre os registros, os avanços e os próximos passos. Os festivais e sua alta importância no teatro brasileiro e principalmente dos grupos da região norte, maneiras de continuar, a importância de unir forças, convites e datas.
•Dia 2 - Abertura do Palco, lona do Biribinha! A palhaçaria na sua forma mais pura, diversão, aprendizado, importância do circo para os palhaços. Um ótimo início pro festival de 2018 em Porto Velho!
•Dia 3 - Resoluções pessoais. Dia de ajeitar tudo no banco, pra poder viajar despreocupado. Arrumando as coisas, deixando tudo em ordem antes de partir. Amanhã se inicia a última etapa. Expectativa em alta.
Parte II - 11/09 até 11/10/2018
#Nova Mamoré - RO
•Dia 1 - Dia de viagem. Primeira cidade desse percurso final. Um bate e volta até sábado. Ajustando uns detalhes. Pegando a estrada pra Nova Mamoré! Estrada tranquila. Caminho um tanto demorado. Recarga no almoço. Trecho parado de obras.. una ciesta pra aproveitar o tempo parado. Aproveitando pra ler e prosear. Chegada. Montagem da luz do espetáculo de hoje do Circo Amarillo chamado Clake! Espetáculo saboroso, diverso, forte, brilhante, inspirador! Circo vivo, técnica, carisma, conexão! Público receptivo e interessado!
Um dia de viagem, estudo, conexões e de espetáculo! Grato!
•Dia 2 - Dia de montagem e espetáculo. Espaços adaptados são sempre um desafio à parte da montagem. Nada que a paciência, trabalho duro e estratégia não resolva; a espertize do mestre para soluções criativas foi fundamental. Mesmo com o forte calor como "aliado" deu tudo certo. Eis que o auditório se transforma em Teatro! Sala pequena, público grande! Apresentação ferveu, muita força, entrega, dedicação, vontade, energia a mil. Público novo, sem costume de teatro, mas que aos poucos foi equalizando, muito calor! Bate papo bom, conectado, histórias cruzadas, realidades cruas.. Desmontagem, rápido, frenética, de longe a maior equipe de apoio que já tivemos, gratidão a toda produção local! Despedindo da cidade. Descanso.
Dia 3 - Dia de pegar a estrada cedo, voltar pra casa e preparar tudo pra apresentação local e pro percurso maior. Até mais Nova Mamoré, cidade pequena mas de grande público, faminto pelo teatro! Estrada super tranquila, trecho em obras estava liberado para a nossa via. Um pequeno contratempo, que logo foi sanado e que serviu de grande aprendizado. Chegando pra resolver coisas. Prontos para a próxima. Que venha nossa apresentação local em pvh!
Amanara Brandão
Manhã de terça-feira e lá vamos nós, subindo Rondônia, pela estrada de pavimentação precária e a paisagem coberta por fumaça. O corpo amolecido pela cólica foi balançando pela estrada a dentro, entre cochilos e leituras. Chegando à Nova Mamoré, alegria em saber que teria espetáculo na praça à noite, do Circo Amarillo (Edmar e Chicão até ajudaram na montagem da luz para eles. Parceiragem de "gente de teatro" mesmo). E foi lindo! assisti encantada e saí inspirada... a praça lotada de olhares curiosos, brilhando de encantamento, sentados nos bancos que a igreja emprestou pro teatro de rua ou no chão mesmo, pra não perder o costume; mais tarde, até um "intercâmbio espontâneo" na mesa do bar embalada pelo sotaque do portunhol dos argentinos circenses, com os novos colegas de ofício, Pablo, Estevão, Dodo.
Quarta-feira, dia de apresentação. Calor, fumaça pra todo lado, e mesmo assim ainda saí para uma caminhada e um açaí pela manhã. Após o almoço, aquela azia que tem me acompanhado nesses dias calorosos... mas logo passou. O jeito era ficar socada no quarto, ar condicionado ligado 24h pra aguentar. À noite, na escola CEEJA, senti uma recepção muito boa e estava curiosa para ver o público e as dependências do lugar. Nosso camarim foi a pequena sala da coordenação, entre mesas cheias de papéis/documentos e nosso lanche. O auditório foi transformado em Teatro, e fizemos a configuração 360°, na qual sempre nos sentimos muito mais à vontade e potentes. O calor era sufocante, o espaço lotado por pessoas, e sem refrigeração; calor humano condensando... A preocupação era latente: tentar não desmaiar. O figurino ensopado, o ar quente que as janelas abertas não davam conta... Mas a apresentação aconteceu, e potente! O público muito envolvido na narrativa, foi um tanto participativo (o que nos exige atenção redobrada para não perder o foco em cena). Ao fim, a conversa e a fala das mulheres presentes dando seus testemunhos de preocupação em relação à realidade da violência contra a mulher na cidade onde vivem. Nesse espaço de fala sempre nos fortalecemos. Por fim, o calor foi exaustivo e eu só pensava em descansar para seguir pra casa pela manhã (manhã na qual estive meio "aérea" e até esqueci minha bagagem no hotel, só lembrei quando já estávamos no meio do caminho mas logo resolvemos e ela chegou à salvo em Porto Velho algumas horas depois). Fiz algumas fotografias desse amanhecer verde e cinza na estrada; ressignificando caminhos que já foram e são tão percorridos... lanço meu olhar sensível e sincero por onde vou. A passagem por Nova Mamoré me traz novamente questionamentos como quais espaços queremos ocupar e quais espaços querem, de fato, a nossa ocupação. Perceber o quanto gosto de estar nesses lugares onde as condições são aparentemente adversas porém é o que faz a arte realmente acontecer; que precisamos ter criatividade para ressignificar o espaço e onde as pessoas querem a nossa presença, querem ouvir histórias e estão abertas ao diálogo e reflexão. Encontros que me inspiram a seguir, nessa Arte do Encontro que é o Teatro.

Zaine Diniz

Depois de um final de semana abençoado em nossa casa, mais uma etapa do circuito se inicia, desta vez pelo interior do nosso estado Rondônia. Tudo começou com um mergulho na fumaça resultado de queimadas absurdas que acontece por essas bandas do Norte e afirmo: para viver no norte tem que ser FORTE. Vivo por aqui há quase 30 anos e o clima ainda me surpreende. Depois de horas infindáveis no microônibus, chegamos à Nova Mamoré , e fui surpreendida ainda mais, pois me senti dentro de um forno de microondas sem ter pra onde ir para respirar. Sol escaldante, fumaça, fumaça e mais fumaça. A noite vimos o trabalho de dois argentinos que circulam também pelo palco giratório e que maravilha. Que perfeição na arte circense, exímios artistas de encantar a alma e o coração CLAKE. Dia seguinte, dia de se preparar, dia de sol, calor e fumaça. A noite partimos o espaço do Ceeja, e o calor continua sem central de ar, mas estamos no circuito consciente da diversidade que encontraríamos, porém mesmo acostumada com o calorão foi logo nos primeiros 5 minutos o suor já escorria pelo rosto e eu preocupada com minha maquiagem, será que aguentaria até o final? Eu Sim, sou do Norte!!  Um público atípico com celulares ligados, flashes e conversas durante todo o espetáculo me fez refletir como é preciso trabalhar mais ações para formação de público. Enfim aconteceu no calor da noite e o bate papo também foi caloroso, as pessoas ficaram , se reconheceram na história e foi muito, muito bom mesmo. Dia seguinte, retornar a Porto Velho e se preparar para apresentar na nossa casa.

Chicão Santos
Rondônia – Nova Mamoré. Um 11 de setembro cheio de metáforas a (in)estabilidade das estruturas do mundo das falsas torres de concreto que ruiu e veio abaixo. Partimos ou não partimos eis a questão. Tudo arrumado e uns desencontrados da VAN/Equipamentos. Fomos até “As Marias das graças” no Toca/Circo do Biribinha. Tudo resolvido e o caminho a percorrer pela 364 no sentido do Acre. As horas/tempos na estrada a rodar na VAN/ônibus seguindo adiante. 13 horas chegamos na estrada interditada sem fim. Ficamos ali, no calor, por mais de 1 hora aguardando os carros da mão/esquerda passarem. Tudo e todos com medo da enchente do Rio/Mar Madeira. O povo medroso, o rio só pede o que é dele. Ele (o Rio) vem buscar o que é dele. Lembrei-me de 2007 quando estava no processo de “As Sombras de Lear” e que a Bya Braga quase que surtava quando falava da construção das usinas, lembrei também de sua frase “fora as usinas”. Às 15 horas seguimos observando ao longo/longe as margens desse madeira. Em uma leitura de 10 afetos de Euler Lopes e uma cochilada já estávamos em Nova Mamoré. No Dallas/hotel nos instalamos e logo me pus a cuidar de umas burocracias/produção. Sai para a praça e avistei a cena sendo montada pelo pessoal do Amarillo/SP com o Clake, vi o apuro para montar a luz e já estava com as ferramentas em punho para instalar o dimmer e os refletores, Tudo funcionando em frente a praça da igreja... uma volta pela redondeza e já havia  uma multidão para assistir o espetáculo dos “Hermanos”. Sucesso total neste 11 de setembro enfumaçado e empoeirado. No dia seguinte (12/09), Eu e o Edmar fomos fazer a montagem da luz/cenário no Auditório do CEEJA/Nova Momoré. Um lugar abandonado, ar condicionado queimados, sujeira por todo lado e livros pelo palco/cena/deposito. Entre interrogações e dúvidas da produção local/espetáculo resolvemos fazer ali mesmo. Em ação o “transforme”, foi  o tempo de comprar ganchos e no contato com o teto o suor descia como a água da correnteza barrenta do madeira. Horas e um esforço monumental para colocar no teto 7 refletores. A mente/corpo já não atendia os comandos, então uma parada para o almoço e um breve descanso/repouso. Energia restaurada e ação/afinação para fazer o lugar cotidiano em lugar cênico. A multidão alunos/professores/professores adentravam no espaço/forno com os contornos dos corpos estilizados pelo led/quente. Na plateia, índios, negros, cablocos, jovens e adultos da escola e da cidade. A energia elétrica para e a cena continua na luz do celular. A luz volta e o calor aumenta, como o tema/cena incomodo por todos os lados de um público jovens de pouco/acesso aos seus direitos sociais. A arte ainda é algo distante para essa população. A aposta do SESC é na democratização e na promoção do acesso. Aí a potência do Palco que vira pelo interior de Rondônia. Em duas sessões em Nova Mamoré mais de 1 mil acesso de crianças, jovens e adultos. Arte para todos em todos os lugares. A ação transforma lugares e pessoas. Após a apresentação um caloroso debate, um bate-papo que retratou a história de cada um ali presente. Chegou a hora da desmontagem e um “batalhão” de gente ajudando para deixar o auditório voltar a ser o que era. Mas um download concluído em 100%. Hora de descansar para no dia seguinte partir para Porto Velho. Nesse lugar de coincidências... Chegamos dia 11, fiquei no quarto 13, saímos no dia 13.  Haddad 13 confirmado para presidente. Pode representar muita coisa. Chama o Técnico Zagalo. Nossa saída para Porto Velho no ônibus/Van ocorre as 6h30 para uma viagem tranquila... mais leitura de 10 afetos de Euler Lopes. As 9 horas deste dia 13/09, no meio do trecho entre Nova Mamoré e Jacy a atriz Amanara Brandão comunica que havia esquecido a balsa/figurino na recepção do hotel. Sem sinal de celular tivemos que aguardar chegar em Jacy, para buscar uma solução para rever a mala. Ligamos para o hotel e para um taxi lotação e resolvemos o imbróglio. Uma noticia forte/triste dos dias cabalísticos. Enfim chegamos em Porto Velho.












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