Agrael de Jesus
Depois de 37 dias fora de casa, de
Rondônia, voltamos pra terrinha, agora para fazer o interior de Rondônia. A
primeira cidade será Nova Mamoré. Saída prevista para as 8:00hs do dia 11 de
setembro. Imprevistos aconteceram e só saímos às 10:00hs. Eu sem ter tomado
café da manhã (esperava tomar na estrada), fome devastadora. Jacy Paraná onde
pretendia tomar meu café da manhã, foi o almoço. Daí saímos rumo à Nova Mamoré.
Estrada ótima, só não contávamos com as obras de recuperação da BR 364, na Vila
Velha Mutum. 15 onde trecho, só um carro passando de cada vez. Uma hora parados
num sol de "tirar pica pau do oco". Mais 30 minutos pra atravessar 15 km . Aproveite para
apreciar a bela paisagem, o Rio madeira caldaloso, magestoso e gigante ladeando a BR, avisando ele está ali e a
qualquer hora pode transbordar. Nas obras da BR homens e máquinas trabalham
freneticamente a todo vapor. O trânsito de enormes caçambas carregadas de
pedras, terra, seixo. Tratores e PCs espalhando pedras, terras em enormes
taludes. Por fim chegamos a Nova Mamoré.
Deixar a mochila no quarto do hotel e dar uma volta pelos arredores. Fui até
uma lojinha do outro lado da pista, voltei para a pracinha da Igreja Matriz. Clima
agradável, vento forte e refrescante, refrigerando o corpo, alma e espírito.
Ali o pessoal do SESC organisava o espaço
para a apresentação de logo mais à noite, o espetáculo Clake. Uma chuvinha fina para amenizar mais ainda o
clima. No lanchinho da praça, tomar um refresco natural da fruta. Tudo
perfeito. Antes do espetáculo fomos ao churrasquinho do Suder. Atendimento
cativante. Conhecer o filhinho do meu
sobrinho Tássio, sua esposa Gislaine e sua filha. Linda menina. O espetáculo
foi um sucesso. Praça lotada, todos sentados em bancos cediados pela Igreja
católica. Coisa de cidade do interior. Uns ajudando aos outros. Depois do
espetáculo voltei ao churrasquinho para jantar. Hotel, descanso. Ninguém é de
ferro. A viagem foi desgastante e cansativa, maratona mesmo, porém muito
emocionante. Na quarta feira amanheceu o oposto da noite do dia anterior. Sol
escaldante, clima sufocante, abafado: Jesus Maria Santíssima. Ir a lotérica,
voltar para o quarto do hotel, não dá para ficar zanzando. Almoço uma saladinha
de leve numa churrascaria perto do hotel, voltar ao hotel, tentar relaxar,
dormir talvez. O sol lá fora de rachar. As 18 hs ir para o local da
apresentação. O calor disse: Cheguei e vou ficar. Vou botar pra derreter. Nunca
tinha sentido tanto calor na minha vida.
Apresentamos num local denominado
auditoria do ....mas que na verdade era um depósito de livros, aparelhos de ar
condicionado e carteiras velhas, matérias de construção. Enquanto aguardava a plateia
entrar e se acomodarem, eu já na grade imóvel, por um momento me imaginei sendo
de cêra e derretendo, desfazendo-me por inteiro devido ao calor. Por cima da
grade foi posto um refletor de led, segundo os técnicos de luz essas lâmpadas
não esquentam, mas eu senti calor no meu cangote. Vi a hora do meu pescoço se
deslocar do corpo e a cabeça cair. O espetáculo foi bom apesar do intenso calor
e dos flases dos celulares apontando para o meu rosto: Jesus. Ao término, no
bate papo, muitos apontamentos, questionamentos, confirmações de situações
locais. Desmontar o cenário, organizar, embalar e acomodar no bagageiro do
ônibus. Jantarzinho maravilhoso oferecido pelas cozinheiras do SEEJA. Hotel,
descanso, partida logo cedo no dia seguinte. Viagem tranquila sem a necessidade
de ficar parado. Chegada em Porto Velho, organizar figurino para a apresentação
do dia seguinte e a malas para partir no dia seguinte após apresentação de
Porto Velho. Tudo deu certo, graças à Deus. Obrigada Senhor!
Edmar Leite
•Dia 1 - Resolvendo a
questão da identidade. Seminários do Palco. A mulher na cena. Festivais de
Rondônia: Amazônia Encena na Rua (Pvh), Festin Açu (Gjr) e Festival Amazônico
(Vlh). Conversa boa sobre a importância do reconhecimento do fazer teatral
feminino, representatividade, equilibrar as coisas, sobre os registros, os
avanços e os próximos passos. Os festivais e sua alta importância no teatro
brasileiro e principalmente dos grupos da região norte, maneiras de continuar,
a importância de unir forças, convites e datas.
•Dia 2 - Abertura do
Palco, lona do Biribinha! A palhaçaria na sua forma mais pura, diversão,
aprendizado, importância do circo para os palhaços. Um ótimo início pro
festival de 2018 em Porto Velho!
•Dia 3 - Resoluções
pessoais. Dia de ajeitar tudo no banco, pra poder viajar despreocupado. Arrumando
as coisas, deixando tudo em ordem antes de partir. Amanhã se inicia a última
etapa. Expectativa em alta.
Parte II - 11/09 até
11/10/2018
#Nova Mamoré - RO
•Dia 1 - Dia de
viagem. Primeira cidade desse percurso final. Um bate e volta até sábado.
Ajustando uns detalhes. Pegando a estrada pra Nova Mamoré! Estrada tranquila.
Caminho um tanto demorado. Recarga no almoço. Trecho parado de obras.. una
ciesta pra aproveitar o tempo parado. Aproveitando pra ler e prosear. Chegada.
Montagem da luz do espetáculo de hoje do Circo Amarillo chamado Clake!
Espetáculo saboroso, diverso, forte, brilhante, inspirador! Circo vivo,
técnica, carisma, conexão! Público receptivo e interessado!
Um dia de viagem,
estudo, conexões e de espetáculo! Grato!
•Dia 2 - Dia de
montagem e espetáculo. Espaços adaptados são sempre um desafio à parte da
montagem. Nada que a paciência, trabalho duro e estratégia não resolva; a
espertize do mestre para soluções criativas foi fundamental. Mesmo com o forte
calor como "aliado" deu tudo certo. Eis que o auditório se transforma
em Teatro! Sala pequena, público grande! Apresentação ferveu, muita força,
entrega, dedicação, vontade, energia a mil. Público novo, sem costume de
teatro, mas que aos poucos foi equalizando, muito calor! Bate papo bom, conectado,
histórias cruzadas, realidades cruas.. Desmontagem, rápido, frenética, de longe
a maior equipe de apoio que já tivemos, gratidão a toda produção local!
Despedindo da cidade. Descanso.
Dia 3 - Dia de pegar
a estrada cedo, voltar pra casa e preparar tudo pra apresentação local e pro
percurso maior. Até mais Nova Mamoré, cidade pequena mas de grande público,
faminto pelo teatro! Estrada super tranquila, trecho em obras estava liberado
para a nossa via. Um pequeno contratempo, que logo foi sanado e que serviu de
grande aprendizado. Chegando pra resolver coisas. Prontos para a próxima. Que
venha nossa apresentação local em pvh!
Amanara Brandão
Manhã
de terça-feira e lá vamos nós, subindo Rondônia, pela estrada de pavimentação
precária e a paisagem coberta por fumaça. O corpo amolecido pela cólica foi
balançando pela estrada a dentro, entre cochilos e leituras. Chegando à Nova
Mamoré, alegria em saber que teria espetáculo na praça à noite, do Circo
Amarillo (Edmar e Chicão até ajudaram na montagem da luz para eles. Parceiragem
de "gente de teatro" mesmo). E foi lindo! assisti encantada e saí
inspirada... a praça lotada de olhares curiosos, brilhando de encantamento,
sentados nos bancos que a igreja emprestou pro teatro de rua ou no chão mesmo,
pra não perder o costume; mais tarde, até um "intercâmbio espontâneo"
na mesa do bar embalada pelo sotaque do portunhol dos argentinos circenses, com
os novos colegas de ofício, Pablo, Estevão, Dodo.
Quarta-feira,
dia de apresentação. Calor, fumaça pra todo lado, e mesmo assim ainda saí para
uma caminhada e um açaí pela manhã. Após o almoço, aquela azia que tem me
acompanhado nesses dias calorosos... mas logo passou. O jeito era ficar socada
no quarto, ar condicionado ligado 24h pra aguentar. À noite, na escola CEEJA, senti
uma recepção muito boa e estava curiosa para ver o público e as dependências do
lugar. Nosso camarim foi a pequena sala da coordenação, entre mesas cheias de
papéis/documentos e nosso lanche. O auditório foi transformado em Teatro, e
fizemos a configuração 360°, na qual sempre nos sentimos muito mais à vontade e
potentes. O calor era sufocante, o espaço lotado por pessoas, e sem
refrigeração; calor humano condensando... A preocupação era latente: tentar não
desmaiar. O figurino ensopado, o ar quente que as janelas abertas não davam
conta... Mas a apresentação aconteceu, e potente! O público muito envolvido na
narrativa, foi um tanto participativo (o que nos exige atenção redobrada para
não perder o foco em cena). Ao fim, a conversa e a fala das mulheres presentes
dando seus testemunhos de preocupação em relação à realidade da violência
contra a mulher na cidade onde vivem. Nesse espaço de fala sempre nos
fortalecemos. Por fim, o calor foi exaustivo e eu só pensava em descansar para
seguir pra casa pela manhã (manhã na qual estive meio "aérea" e até
esqueci minha bagagem no hotel, só lembrei quando já estávamos no meio do
caminho mas logo resolvemos e ela chegou à salvo em Porto Velho algumas horas
depois). Fiz algumas fotografias desse amanhecer verde e cinza na estrada;
ressignificando caminhos que já foram e são tão percorridos... lanço meu olhar
sensível e sincero por onde vou. A passagem por Nova Mamoré me traz novamente
questionamentos como quais espaços queremos ocupar e quais espaços querem, de
fato, a nossa ocupação. Perceber o quanto gosto de estar nesses lugares onde as
condições são aparentemente adversas porém é o que faz a arte realmente
acontecer; que precisamos ter criatividade para ressignificar o espaço e onde
as pessoas querem a nossa presença, querem ouvir histórias e estão abertas ao
diálogo e reflexão. Encontros que me inspiram a seguir, nessa Arte do Encontro
que é o Teatro.
Zaine Diniz
Depois de um final de semana abençoado em
nossa casa, mais uma etapa do circuito se inicia, desta vez pelo interior do
nosso estado Rondônia. Tudo começou com um mergulho na fumaça resultado de
queimadas absurdas que acontece por essas bandas do Norte e afirmo: para viver
no norte tem que ser FORTE. Vivo por aqui há quase 30 anos e o clima ainda me
surpreende. Depois de horas infindáveis no microônibus, chegamos à Nova Mamoré
, e fui surpreendida ainda mais, pois me senti dentro de um forno de microondas
sem ter pra onde ir para respirar. Sol escaldante, fumaça, fumaça e mais
fumaça. A noite vimos o trabalho de dois argentinos que circulam também pelo
palco giratório e que maravilha. Que perfeição na arte circense, exímios
artistas de encantar a alma e o coração CLAKE. Dia seguinte, dia de se
preparar, dia de sol, calor e fumaça. A noite partimos o espaço do Ceeja, e o
calor continua sem central de ar, mas estamos no circuito consciente da
diversidade que encontraríamos, porém mesmo acostumada com o calorão foi logo
nos primeiros 5 minutos o suor já escorria pelo rosto e eu preocupada com minha
maquiagem, será que aguentaria até o final? Eu Sim, sou do Norte!! Um público atípico com celulares ligados,
flashes e conversas durante todo o espetáculo me fez refletir como é preciso
trabalhar mais ações para formação de público. Enfim aconteceu no calor da
noite e o bate papo também foi caloroso, as pessoas ficaram , se reconheceram
na história e foi muito, muito bom mesmo. Dia seguinte, retornar a Porto Velho
e se preparar para apresentar na nossa casa.
Chicão Santos
Rondônia – Nova
Mamoré. Um 11 de setembro cheio de metáforas a (in)estabilidade das estruturas
do mundo das falsas torres de concreto que ruiu e veio abaixo. Partimos ou não
partimos eis a questão. Tudo arrumado e uns desencontrados da VAN/Equipamentos.
Fomos até “As Marias das graças” no Toca/Circo do Biribinha. Tudo resolvido e o
caminho a percorrer pela 364 no sentido do Acre. As horas/tempos na estrada a
rodar na VAN/ônibus seguindo adiante. 13 horas chegamos na estrada interditada
sem fim. Ficamos ali, no calor, por mais de 1 hora aguardando os carros da
mão/esquerda passarem. Tudo e todos com medo da enchente do Rio/Mar Madeira. O
povo medroso, o rio só pede o que é dele. Ele (o Rio) vem buscar o que é dele.
Lembrei-me de 2007 quando estava no processo de “As Sombras de Lear” e que a
Bya Braga quase que surtava quando falava da construção das usinas, lembrei
também de sua frase “fora as usinas”. Às 15 horas seguimos observando ao
longo/longe as margens desse madeira. Em uma leitura de 10 afetos de Euler
Lopes e uma cochilada já estávamos em Nova Mamoré. No Dallas/hotel nos
instalamos e logo me pus a cuidar de umas burocracias/produção. Sai para a praça
e avistei a cena sendo montada pelo pessoal do Amarillo/SP com o Clake, vi o
apuro para montar a luz e já estava com as ferramentas em punho para instalar o
dimmer e os refletores, Tudo funcionando em frente a praça da igreja... uma
volta pela redondeza e já havia uma
multidão para assistir o espetáculo dos “Hermanos”. Sucesso total neste 11 de
setembro enfumaçado e empoeirado. No dia seguinte (12/09), Eu e o Edmar fomos
fazer a montagem da luz/cenário no Auditório do CEEJA/Nova Momoré. Um lugar
abandonado, ar condicionado queimados, sujeira por todo lado e livros pelo
palco/cena/deposito. Entre interrogações e dúvidas da produção local/espetáculo
resolvemos fazer ali mesmo. Em ação o “transforme”, foi o tempo de comprar ganchos e no contato com o
teto o suor descia como a água da correnteza barrenta do madeira. Horas e um
esforço monumental para colocar no teto 7 refletores. A mente/corpo já não
atendia os comandos, então uma parada para o almoço e um breve
descanso/repouso. Energia restaurada e ação/afinação para fazer o lugar
cotidiano em lugar cênico. A multidão alunos/professores/professores adentravam
no espaço/forno com os contornos dos corpos estilizados pelo led/quente. Na
plateia, índios, negros, cablocos, jovens e adultos da escola e da cidade. A
energia elétrica para e a cena continua na luz do celular. A luz volta e o
calor aumenta, como o tema/cena incomodo por todos os lados de um público
jovens de pouco/acesso aos seus direitos sociais. A arte ainda é algo distante
para essa população. A aposta do SESC é na democratização e na promoção do
acesso. Aí a potência do Palco que vira pelo interior de Rondônia. Em duas
sessões em Nova Mamoré mais de 1 mil acesso de crianças, jovens e adultos. Arte
para todos em todos os lugares. A ação transforma lugares e pessoas. Após a
apresentação um caloroso debate, um bate-papo que retratou a história de cada
um ali presente. Chegou a hora da desmontagem e um “batalhão” de gente ajudando
para deixar o auditório voltar a ser o que era. Mas um download concluído em
100%. Hora de descansar para no dia seguinte partir para Porto Velho. Nesse
lugar de coincidências... Chegamos dia 11, fiquei no quarto 13, saímos no dia
13. Haddad 13 confirmado para
presidente. Pode representar muita coisa. Chama o Técnico Zagalo. Nossa saída para
Porto Velho no ônibus/Van ocorre as 6h30 para uma viagem tranquila... mais
leitura de 10 afetos de Euler Lopes. As 9 horas deste dia 13/09, no meio do
trecho entre Nova Mamoré e Jacy a atriz Amanara Brandão comunica que havia
esquecido a balsa/figurino na recepção do hotel. Sem sinal de celular tivemos
que aguardar chegar em Jacy, para buscar uma solução para rever a mala. Ligamos
para o hotel e para um taxi lotação e resolvemos o imbróglio. Uma noticia
forte/triste dos dias cabalísticos. Enfim chegamos em Porto Velho.
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